“Onde estão os negros na educação brasileira?” foi tema da segunda palestra em ciclo realizado pela Câmara de Atibaia

Na segunda palestra do ciclo “Diversos, Intensos e Plurais”, realizado em 7 de junho, Ágatha Cristian Heap, professora da área de Ciências Humanas e Sociais, mestre em Ciências da Religião e autora do livro “O Conflito de João Brasil” abordou a questão “Onde estão os negros na educação brasileira?” .

Ágatha lembrou que o país teve 388 anos de escravidão e, praticamente, 130 de suposta liberdade. “É uma linda bandeira dizer: agora, vocês são livres. Só que onde vou trabalhar, onde meus filhos vão estudar? Um dos princípios básicos da liberdade é você ter opção, escolha, conhecimento. O dia 13 de maio, que cheguei a comemorar em festas de escola, hoje significa para mim um conflito, um controle, que refletiu uma política de embranquecimento da população brasileira. O negro não desapareceu, mas não houve projeto de inclusão social para os negros após a escravidão”, relatou a professora.

“Há ilusão sobre o racismo, com muitos acreditando que não existe. E a educação acaba sendo uma das formas de controle do Estado. Paulo Freire defendia que a principal função da educação é a conscientização do estudante; e, no caso dos marginalizados, a consciência sobre sua própria condição. A falta do conhecimento, muitas vezes, faz com que o desfavorecido nunca enxergue sua condição de oprimido, aceitando sua invisibilidade, sem saber como reagir”, continuou.

Segundo a professora, “uma pesquisa mostrou que 92,7% dos alunos saem da escola sem saber o que 92,7% significa. É o analfabetismo funcional, que restringe o estudante a soletrar as palavras mas não a interpretar e pensar o texto. Nessa falta educação, a situação dos é de maior desvantagem. Os negros ganham 30% em média a menos que os brancos; há duas vezes mais negros analfabetos que brancos no Brasil; eles são maioria entre os desempregados; e, na educação superior, cinco vezes mais brancos se formam do que negros”.

“Como o segundo país em população negra no mundo, só perdendo para a Nigéria, o Brasil tem uma dívida histórica com 54% de seus habitantes. O que podemos fazer? Entender o valor da educação, com política social, revisão das escolas, preparação dos professores e reconhecimento da beleza negra”, concluiu.

Fonte: Câmara Municipal de Atibaia