Gasto médio com pets no Brasil vai de R$ 17 a R$ 425 por mês, aponta estudo

Levantamento do Instituto Pet Brasil considera custos de alimentação, vacinas, vermifugações, consultas veterinárias, acessórios, entre outros.

Está pensando em adotar um bichinho? É melhor começar a se planejar. Levantamento do Instituto Pet Brasil mostra que os gastos médios mensais com os pets podem variar de R$ 17,38 a R$ 425,24 a depender do animal escolhido no Brasil.

O levantamento, obtido pelo G1, considera os gastos com alimentação básica (calorias diárias ingeridas com ração considerada “standard”, ou seja, com uma classificação mediana no mercado), vacinação, antipulgas, vermifugação, consultas periódicas no veterinário, banho, tosa e, em alguns casos, viveiros e aquários.

O gasto médio para cães é de R$ 342,20, mas esse valor pode subir para R$ 425,24 se o animal for de grande porte (ou seja, tiver mais de 26 kg) ou cair para R$ 274,37 se for de pequeno porte (até 10 kg). Já para os gatos o custo médio é de R$ 205,94.

Família que vai adotar um pet deve fazer um planejamento financeiro para que, a médio ou longo prazo, o animal não fique em situação de vulnerabilidade (Imagem Ilustrativa)

Há ainda pets mais “econômicos”. O custo mensal de peixes fica em R$ 94,17, o que já inclui a compra de um aquário de 40 litros que comporta até 10 peixes pequenos. Os viveiros também estão incluídos nos gastos médios para roedores (R$ 108,25), aves (R$ 17,38) e répteis (R$ 20,50).

“O nosso grande objetivo em divulgar estes dados é estimular que quem queira ter um animal saiba o quanto isso vai impactar a sua rotina financeira. A pessoa que quer ter um pet tem que ter consciência que o animal de estimação traz responsabilidades e traz mudanças na rotina da família”, diz Martina Campos, diretora-executiva do Instituto Pet Brasil.

Segundo Campos, é importante que a família consiga fazer um planejamento financeiro para que, a médio ou longo prazo, esses animais não fiquem em situação de vulnerabilidade e não sejam abandonados diante de qualquer oscilação do mercado ou crise financeira da família.

“Um cão ou um gato vive 12, 13 anos em média. Então esse custo tem que estar contemplado em mais de uma década dentro do orçamento familiar”, diz Campos

Segundo o instituto, 3,9 milhões, ou 5% da população total de pets do Brasil, se enquadram como animais em condição de vulnerabilidade, pois vivem sob a tutela de famílias classificadas abaixo da linha de pobreza. Há ainda mais de 170 mil bichinhos abandonados sob o cuidado de ONGs em todo o país.

Por isso, o levantamento também faz uma avaliação de como esses gastos médios mensais podem impactar o orçamento das famílias a depender das suas rendas.

Para quem ganha mais de 20 salários mínimos, por exemplo, estes custos médios podem não passar de 2%, independentemente se é uma iguana ou um cachorro. Para famílias da classe E, porém, que ganham até dois salários mínimos, os custos médios com um cãozinho podem chegar a quase 20% da renda familiar.

“O alimento completo do cão ou do gato tem um impacto muito maior nas famílias das classes C, D e E, e são as famílias que mais têm animais de estimação”, diz Campos.

Isso faz com que as famílias façam adaptações para diminuir os custos, como dar restos de comida em vez de comprar ração.

Por isso, segundo Campos, um dos pontos que o instituto defende é a redução tributária dos alimentos e dos produtos do mercado pet. “Para os alimentos, a carga tributária é de 50%, então a cada R$ 1 gasto, tem R$ 0,50 de imposto. Se a gente reduz a carga tributária, a gente consegue que as pessoas deem mais qualidade de vida e produtos mais adequados para os animais. Não tem aquela coisa de improviso, de em vez de dar a ração dar um pedacinho de pizza.”

“Quanto mais acessibilidade a gente tem, quanto mais produtos de qualidade com preços mais versáteis, mais qualidade de vida o animal tem, mais barato fica, menor é o impacto no orçamento das famílias e menos animais ficam em situação de vulnerabilidade ou são abandonados. Então é um ciclo virtuoso que a gente busca trabalhar”, diz Campos

Gasto médio X gasto real

Para quem já tem um bicho de estimação, os gastos médios apresentados pelo levantamento podem parecer muito acima da realidade. Isso acontece, segundo Campos, porque as famílias fazem adaptações para ter menos custos, como já foi citado, e porque o valor do instituto considera as condições ideias para o o bem-estar do animal, o que inclui, por exemplo, consultas regulares a veterinários, algo que muitos donos de pet não estão acostumados a fazer.

A quantidade de bichinhos também pode diminuir os custos mensais por animal. É o caso dos 35 peixes e 25 passarinhos de Walter Barros da Silva, de 31 anos. Ele gasta aproximadamente R$ 250 por mês com os bichos, o que dá uma média de apenas R$ 4,16 por animal. Esse valor, porém, não considera o dinheiro que foi gasto com as gaiolas de cada pássaro nem com o aquário em que os peixes vivem.

Mesmo com a média baixa por animal, o gasto não deixa de pesar no orçamento de Silva, que trabalha como zelador e mora na Zona Leste de São Paulo. O amor pelos animais, porém, faz com que esse valor pareça menor, segundo ele.

“Eu sempre gostei de animal. Se eu pudesse, eu vivia só na natureza. Cuidar dos bichos é bom demais. [O custo] não é muito porque eu gosto deles. Então eu gasto para ter os bichinhos”, diz o zelador Walter Barros da Silva.

Além disso, o gasto já foi bem mais alto em sua casa. Há mais de dez anos, Silva e sua família tinham quase 400 passarinhos e vários gatos e cachorros. Todo mês, eles gastavam R$ 1 mil (e isso apenas com ração). Hoje, o gasto é menor, mas a dedicação continua.

“Levo duas horas por dia cuidando dos bichos. Tem que trocar o fundo do viveiro, colocar jornal limpo, colocar ração, água. E tem 13 tipos de ração de Pixarro, que é pra passarinho. Uma tem alho, outra tem pimenta, outra tem gosto de milho. Cada passarinho gosta de um tipo. Mas, pra quem gosta, não dá trabalho”, diz Silva

A família ainda vai crescer em breve, pois um amigo prometeu dar três cachorros para Silva e a mulher. “Eu só falei: ‘a gente cuida’. Então já vai ter mais bicho na casa”, conta o zelador.

Diante dessa experiência toda como “pai de pet”, ele concorda com as recomendações de Martina Campos para as pessoas que estão avaliando ter um animal de estimação.

“Tem que cuidar. Não adianta pegar e jogar na rua, maltratar. Não adianta pegar um cachorro ou um gato porque é bonito e deixar passar fome. E dá trabalho, né? Tem que dar banho, dar ração, levar no veterinário. Então não é só pegar e pronto. Tudo tem seus gastos”, diz Silva.

Campos ainda destaca que a pessoa tem que entender os motivos de querer ter o animal e de como é a sua rotina antes de escolher o bichinho.

“A nossa dica é entender qual é a sua rotina, o seu perfil. Não para em casa ou não tem paciência para levar para passear? Então não vai pegar um animal que tenha essa dinâmica e que precise gastar energia. Se viaja muito, como vai limpar o aquário de um peixe? Então tem que fazer essa análise para escolher se quer ter um cão, um gato, uma ave, um réptil ou um peixinho”, diz Campos.

Por Clara Velasco, G1

Fonte: G1.globo.com