Filho de promotora foge de local de acidente após receber ordem de prisão em Bragança Paulista

Jovem de 22 anos causou acidente e, segundo magistrado, estava embriagado. Juiz deu voz de prisão ao condutor, mas ele deixou o local. Mãe do motorista afirmou que não sabia da ordem de prisão e que vai se apresentar com filho para esclarecimentos.

O filho de uma promotora fugiu após receber voz de prisão de um juiz por suspeita de embriaguez ao volante em Bragança Paulista (SP). Segundo a Polícia Civil, o jovem capotou o veículo na entrada de um condomínio. O juiz acionou a polícia e deu voz de prisão, mas o condutor fugiu do local antes da chegada da PM. A mãe do jovem, a promotora Vera Lúcia Taborti, negou que o filho tenha fugido e alegou que não sabia da voz de prisão (leia mais abaixo).

O caso aconteceu na madrugada desta quarta-feira (10) em um condomínio no bairro Santa Helena. O jovem de 22 anos teria perdido o controle do carro, que despencou de um barranco e capotou atingindo uma árvore. No momento do acidente, havia um grupo de adolescentes no local, incluindo o filho do juiz.

O magistrado, José Augusto Nardy Marzagão, que é juiz da 4ª vara cível de Atibaia, contou à polícia que foi ao local para buscar o filho e ao perceber o acidente foi prestar socorro, mas percebeu que o condutor e o passageiro estavam alcoolizados.

No boletim de ocorrência, o magistrado informou que o jovem estava engatinhando pelo gramado e não conseguia responder às perguntas, momento em que acionou a PM e deu voz de prisão ao jovem por embriaguez ao volante. O juiz ainda teria sido intimidado por pessoas que acompanhavam o jovem.

Antes da chegada da polícia, os pais do motorista foram ao local, quando o juiz percebeu que o jovem é filho de Vera Lúcia Taborti, promotora de Justiça do Ministério Público de São Paulo, com atuação na Procuradoria Regional Eleitoral. O jovem deixou o local com os pais antes da chegada da polícia.

Segundo o delegado responsável pelo caso, Sandro Montanari, além dos crimes de trânsito cometidos pelo autor, será investigada fraude processual pela intervenção dos pais. O caso foi também foi registrado como desacato e fraude processual – pelo fato do jovem ter deixado o local antes da chegada da polícia.

“Quando o juiz deu voz de prisão ele pediu a preservação do local, o que inclui o autor permanecer na cena. Caso fique comprovado que eles levaram o condutor, podem responder por fraude processual por violarem a área que era alvo de investigação”, comentou Montanari.

O delegado ainda disse que se o inquérito confirmar a fraude, o caso vai ser denunciado ao conselho nacional do Ministério Público, já que a mãe do suspeito é uma promotora.

Além de desacato e fraude processual, o jovem ainda vai responder por embriaguez ao volante, abandono de local de acidente e por trafegar em velocidade incompatível. O jovem e a mãe devem ser intimados a prestarem depoimento.

Em nota, a promotora Vera Lúcia Taborti negou que o filho tenha fugido do local do crime e alegou que o garoto foi levado do local pelo pai para atendimento médico.

A promotora disse ainda que não sabia que ele tinha recebido voz de prisão ou que a polícia havia sido acionada, já que não houve vítimas no acidente. Por fim, ela acrescentou que vai se apresentar com o filho na delegacia para esclarecimentos.

“Estava em choque e meu marido entendeu por bem retirá-lo do local para acalmá-lo e para ver se ele tinha se ferido já que o local é escuro. Não conversei com o Dr. Marzagão. Nem sabia que a polícia havia sido acionada, pois em razão de não ter havido vítimas nem achei que isso fosse ser necessário. Muito menos tínhamos conhecimento de qualquer voz de prisão pois nada foi dito nesse sentido. Achamos que o Juiz assim como outros moradores estavam no local tão somente pelo fato de ali residirem e estarem prestando eventual auxílio”, informou por nota.

MP e TJ

O Ministério Público e o Tribunal de Justiça, órgãos aos quais estão vinculados a promotora e o juiz, respectivamente, foram procurados por meio da assessoria de imprensa para comentar a ocorrência, mas preferiram não se manifestar.

Fonte: G1.globo.com