Morre jovem que teve corpo queimado após queda de avião em Bragança Paulista

A jovem de 17 anos que teve queimaduras graves no acidente com um avião de pequeno porte em Bragança Paulista (SP) há um mês morreu na madrugada desta quarta-feira (25). O estado de saúde dela era grave, estava com 80% do seu corpo queimado.

A informação foi confirmada pelo Hospital Irmãos Penteado, em Campinas (SP), onde ela estava internada. A unidade é referência no tratamento de queimados. A família é de Hortolândia (SP), mas o sepultamento ocorrerá em Campinas, no Cemitério Flamboyant. O velório teve início nesta quarta, e o enterro está programado para 8h30 de quinta (26).

Relembro o acidente

A vítima Karoline Keroly da Silva Romero estava com o piloto, de 38 anos, na aeronave se enroscou em um cabo ligado a um sistema de alta tensão e caiu na região do bairro Bocaina, área rural de Bragança. O piloto conseguiu tirar a jovem e os dois foram socorridos. Minutos depois do acidente, o avião pegou fogo.

Karoline também teve fraturas. O piloto teve ferimentos, mas teve altas dias após o ocorrido.

Vídeo

A Polícia Civil vai usar um vídeo gravado pela adolescente de 17 anos, que morreu em acidente de avião em Bragança Paulista, para apurar a responsabilidade pelo óbito.

As imagens divulgadas pelo advogado da família da vítima, Julio Tambashia, teriam sido feitas no dia do voo que terminou de maneira trágica. O vídeo estava no celular da adolescente e foi entregue à polícia.

A gravação mostra que a aeronave sobrevoava uma represa e, em alguns momentos, o piloto faz manobras próximas da água. Karoline e Lucas não aparecem nas imagens.

O material foi anexado ao inquérito aberto pela Polícia Civil para apurar o acidente. O caso foi registrado, inicialmente, como homicídio culposo – quando não há a intenção de matar. O que a polícia investiga é se houve imperícia do piloto no momento do voo ou se ele foi negligente no momento do socorro.

Em depoimento à polícia, na última semana, o piloto afirmou que socorreu a vítima e a deixou cerca de dez metros distante da aeronave. Depois, ele saiu para buscar socorro. Ao retornar, o avião havia sido consumido por chamas e atingido a vítima.

“Queremos entender se ele socorreu ela como diz, porque ela se queimou, mas ele não ficou ferido. Queremos entender também se houve uma falha dele durante o voo que possa ter causado o acidente e levado à morte da adolescente. Estamos aguardando o laudo do local do acidente e outras testemunhas para prestarem depoimento”, explicou o delegado responsável pelo caso, Sandro Montanari.

A família de Karoline contesta a versão do piloto. De acordo com Tambaschia, advogado do pai da adolescente, quando esteve consciente no hospital, a jovem contou que não foi retirada pelo homem do local do acidente. “Queremos que se apure a versão que ele deu à polícia, de que socorreu a adolescente. Ela nos contou que não foi socorrida”, disse o advogado.

Além da apuração da Polícia Civil, o caso segue sendo apurado por órgãos que fiscalizam e regulamentam a aviação civil.

A Força Aérea Brasileira (FAB), informou em nota, que a aeronave não tinha documentos que autorizassem o voo.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que partir das informações acerca da identidade do piloto, que serão fornecidas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronátucis (Cenipa) vai abrir um processo para apurar eventuais irregularidades em relação a licença do piloto e o registro da aeronave.

“Quando constatadas operações irregulares, o piloto e o operador da aeronave são responsabilizados administrativamente pela agência e poderão ser multados e ter seus certificados cassados. Além de responder sanção administrativa, a Anac poderá encaminhar denúncia ao Ministério Público e Forças Policiais para que sejam tomadas medidas no âmbito criminal”, disse o órgão.

Caso

Após o acidente Karoline Romero ficou um mês internada no Hospital Irmãos Penteado em Campinas. De acordo com o advogado da família, no começo desta semana, ela teria apresentado uma quadro de infecção.

A família diz que a adolescente conheceu o piloto nas redes sociais. O homem é de Bragança Paulista. A polícia disse que, no depoimento, o homem contou que os dois se falaram por meses pela internet e, segundo o piloto, o dia do acidente foi a primeira vez que teriam se encontrado pessoalmente.

No boletim de ocorrência do dia do acidente, o registro relata que o piloto teria identificado a adolescente como sua namorada. Apesar disso, o homem negou o relacionamento à polícia.

A defesa de Lucas Bonventi, Oswaldo Zago, foi procurado por telefone e não foi localizado até a publicação desta reportagem.

Fonte: G1.globo.com