O esporte e a atividade física protegem da Covid-19?

Prática regular e moderada de exercícios fortalece o sistema imunológico e previne o surgimento de comorbidades que agravam a doença causada pelo coronavírus. Entenda.

Há muita polêmica em relação à facilidade de atletas ou esportistas de se contaminarem ou não por Covid-19, quando temos que ter a informação técnica da ciência. Desde há muitos anos, a Medicina do Esporte tem estudado o estado da imunidade de um indivíduo que pratica esportes ou simples atividades físicas regulares.

Prática regular e moderada de exercícios fortalece o sistema imunológico. (Imagem Ilustrativa de NatureFriend por Pixabay)

Nos anos 2000, quando publicamos o livro “O Exercício” pela editora Atheneu, que recebeu o prêmio Jabuti de Ciência e Saúde, destacamos em um dos capítulos os aspectos imunológicos da atividade física. Nele, o saudoso professor Vicente Amato Neto dizia que exercícios físicos moderados estimulam a função dos neutrófilos, nossos primeiros elementos de combate às infecções, que permanece elevada na sua função imunitária por mais de 24 horas. Nos praticantes de exercícios muito intensos e prolongados, no entanto, ocorre exatamente o contrário, ou seja, a diminuição desses elementos protetores.

Ou seja, a atividade física não evita o contágio. Mas, em escala moderada e regular, fortalece o sistema imunológico e evita o aparecimento de comorbidades que agravam a doença. Já em escala muito intensa, pode prejudicar a imunidade. Vejamos o porquê.

No sistema imunológico existem dois outros grandes sistemas: o celular e o humoral das imunoglobulinas (anticorpos). Sabe-se que até o estado emocional influencia a sua produção, e isso foi detectado nos exames imunológicos de pacientes que se submetiam a cirurgias diversas. Nos atletas, observou-se que as defesas imunológicas aumentavam nas dosagens salivares após um período de relaxamento muscular de até 30 minutos.

Quanto ao fato da contaminação pelo novo coronavírus ser diferente nos atletas, o que se sabe hoje? Dezenas de atletas profissionais que avaliamos após terem o Covid-19 tinham como aspectos clínicos comuns: a idade mais jovem, onde na imensa maioria não existem comorbidades como obesidade, diabete, tabagismo; e as manifestações clínicas e laboratoriais dessa terrível virose foram leves, porque isso fez a diferença. A prática de exercícios físicos regulares, principalmente os aeróbicos, como correr, nadar e o ciclismo moderado, mostrou vantagens imunológicas em todos, principalmente nos mais jovens, enquanto nos adultos acima dos 50 anos as comorbidades fizeram a diferença na evolução do quadro clínico dessa virose.

Voltamos a lembrar que devemos evitar esportes coletivos e praticar exercícios físicos ou esportes individuais. Essa é uma das recomendações efetivas para controle de contágio pelo Sars-CoV-2, além das medidas de segurança geral, como uso de máscaras e álcool gel. A chegada das vacinas é a nossa única esperança de sair dessa pandemia. A manutenção das medidas preventivas deve seguir ainda por mais de ano.

Fonte: G1.globo.com