5 alertas do IPCC para o mundo frear a crise do clima

O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) acaba de divulgar nesta segunda-feira (4) seu relatório sobre Mitigação da Mudança Climática. Como sugere o título, este documento trata daquilo que o mundo pode fazer agora para frear a crise do Clima em curso e seus muitos efeitos – já sentidos na atualidade.

O projeto O Clima que Queremos se preocupa com o agravamento das mudanças climáticas porque, sem um clima estável, será muito mais difícil fazer previsões de tempo seguras e confiáveis no futuro.

(Imagem Ilustrativa: jwvein por Pixabay)

Separamos 5 alertas deste relatório, no qual a comunidade científica pede aos governos, empresas e cidadãos uma ação rápida e decisiva antes que seja muito tarde.

1– Ainda é possível limitar o aquecimento do planeta a apenas 1,5°C (meta do Acordo de Paris)

É possível manter o aquecimento da Terra abaixo de 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais. O problema é que não estamos indo nesta direção. Após a retomada das atividades pós-pandemia, as emissões estão subindo no mundo todo e, por consequência, o aquecimento.

Segundo o relatório, há uma pequena janela para garantir o cumprimento da meta, e ela está se fechando muito rapidamente. A decisão mais urgente para aproveitar esta chance ainda viva é substituir os combustíveis fósseis por energia renovável o mais rapidamente possível.

2 – A lacuna para garantir a meta de 1,5°C é grande e o tempo está acabando
Com as taxas atuais (2019) de emissões (59 GtCO2 (gigatoneladas de CO2) por ano), serão necessários apenas algo em torno de 8 anos (devido a incertezas, pode variar entre 2-15 anos) para esgotar o orçamento de carbono restante para a meta de 1,5°C.

3 – Não estamos no caminho certo

O mundo está hoje 1,1°C mais quente do que na era pré-industrial, e os efeitos desse aquecimento já são sentidos em muitas partes do planeta. O Acordo de Paris foi criado para evitar uma tragédia planetária e manter este aquecimento pelo menos abaixo de 1,5°C neste século.

Se fossem cumpridas à risca, as metas de redução de emissões de cada país (conhecidas pela sigla NDC, ou Compromissos Nacionalmente Determinados) levariam a um aquecimento muito maior: de aproximadamente 2,8°C até 2100. Mas os países e empresas não estão cumprindo nem mesmo essas metas que assumiram publicamente.

Por isso o novo relatório faz um forte alerta: o prazo para seguir no caminho certo para proteger o clima da Terra está acabando!

4 – Ultrapassar a meta de 1,5°C é perigoso, mas pode ser revertido
Uma ultrapassagem temporária de 1,5°C não significa que não podemos limitar o aquecimento a 1,5°C até 2100 – o objetivo do Acordo de Paris. Se ultrapassarmos 1,5°C, precisaremos remover o dióxido de carbono da atmosfera para ajudar a baixar as temperaturas abaixo do limite até o final do século.

Limitar qualquer excesso – em quantidade e duração – é muito importante. Quanto mais ultrapassarmos a meta de 1,5°C, maiores serão os impactos e o esforço para resfriar o planeta novamente.

5 – Não dá para resolver a crise do clima apenas plantando árvores
Nenhuma medida de adaptação pode substituir o corte rápido de emissões de gases de efeito estufa. Isto significa que embora muito importantes, a criação de novas florestas e a recuperação de outras não consegue compensar todo o aquecimento produzido atualmente no mundo pelos combustíveis fósseis e pelo desmatamento.

Além disso, o relatório destaca que medidas de reflorestamento mal planejadas podem agravar a competição por terras usadas para produzir alimentos, agravando outros problemas socioambientais.

Em resumo, os grandes poluidores não poderão compensar suas emissões plantando árvores – é necessário parar de poluir o mais rapidamente possível.

Fonte: Climatempo