Análise do Consórcio PCJ compara chuva, vazão e clima de 2019 ao período pré-crise hídrica

O Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) realiza pela primeira vez uma análise que compara os dados de clima, chuva e vazão deste ano nos três mananciais que formam a bacia do Rio Piracicaba com os mesmos números de 2013, período que antecedeu a crise hídrica. A proposta é traçar um padrão para indicar a possibilidade de um novo período de estiagem.

O estudo começou na última semana de outubro e o coordenador de projetos do consórcio, José Cezar Saad, espera obter os primeiros resultados ao final de novembro. Saad afirma que os índices de chuva neste ano motivaram a análise. Na última sexta (1º), Santo Antônio de Posse decretou estado de alerta para desabastecimento.

“É a primeira vez que eu estou colocando em prática em razão das chuvas escassas e das particularidades de clima que temos vivenciado”, resumiu. De janeiro a outubro, as bacias PCJ tiveram 78 dias de chuva. No mesmo período do ano passado foram 95 dias chuvosos.

Com base no dado, Saad argumenta que o principal problema deste ano é a má distribuição da chuva. Isso porque, em volume, o índice de 2019 está maior do que o anterior – 886 milímetros contra 868, respectivamente.

No entanto, a concentração das precipitações em poucos dias indica que ocorreram pancadas espaçadas que não são positivas para abastecer lençóis freáticos e rios.

“Chuvas intensas, num curto espaço de tempo, [aliadas a] períodos longos de estiagem. O que isso provoca? Que o solo, com a falta de chuva, vai ficando impermeável, a primeira camada vai petrificando dependendo do tipo de solo, o que dificulta um pouco a infiltração de água das primeiras chuvas. As chuvas que caem, por serem muito intensas, elas escoam 80% superficialmente, não infiltram”.

O coordenador ressalta que o resultado da análise não servirá para garantir a ocorrência ou não de estiagem. “Estou tentando ver se existe algum tipo de correlação, de tendência”.

A comparação

O período comparado é entre janeiro e outubro de 2019 e o mesmo intervalo de 2013. O consórcio também incluiu os dados de 2018 na análise.

São comparadas as vazões dos rios Jaguari, Atibaia e Piracicaba, que formam a bacia do Rio Piracicaba. Em relação a chuva e temperaturas máximas, a proposta é confrontar dados dos municípios de Campinas, Piracicaba, Jundiaí, Americana, Atibaia ou Bragança Paulista, mas a lista ainda não está fechada.

“Estou fazendo um comparativo das vazões dos rios, pego inicialmente a média mensal, se eu perceber alguma discrepância, vou nas médias diárias. Faço um comparativo desses dados mês a mês de 2018, 2013 e 2019. Pego também as medições das chuvas, a quantidade de dias que choveu em cada mês, se houve concentração de chuva no mês de julho, por exemplo”.

“Iniciamos nossas análises nessa última semana de outubro, portanto é muito prematura tirarmos qualquer tipo de conclusão. Iniciamos essas análises em razão de verificarmos que alguns municípios já estavam com dificuldades para captação de água para o abastecimento público”.

Fonte: G1.globo.com