Entenda o frio no estado de São Paulo neste mês de outubro

Confira também se o mês de novembro ainda pode ter frio atípico!

Fazendo as contas com as temperaturas registradas pelo Instituto Nacional de Meteorologia, na estação meteorológica do Mirante de Santana, na zona norte da cidade de São Paulo, a média das temperaturas máximas observadas de 1 a 24 de outubro de 2021 foi de 23,9°C, 2,0°C abaixo da média Climatológica para o mês, que é de 25,9°C.

O site Climatempo explicou as razões do frio e da chuvarada de outubro de 2021 em São Paulo e no Rio De Janeiro. Confira!

(Imagem Ilustrativa: Kranich17 por Pixabay)

Frio e tempo severo

A segunda quinzena de outubro começou com muita chuva e queda na temperatura no centro-sul do país, o que fez muita gente tirar novamente os casacos e cobertores do armário.

Nas capitais paulista e fluminense, os termômetros marcaram temperaturas abaixo do normal para o mês. Os estados da Região Sul também sentiram dias com frio atípico e houve até registro de geada em áreas mais elevadas da serra catarinense. O ar frio aliviou o calor em Mato Grosso do Sul e fez o Sul de Minas Gerais se sentir no inverno novamente.

Eventos de tempo severo, com chuvarada de água e de granizo, ventania com rajadas de mais de 100 km/h e tempestades de poeira foram destaques desde o início de outubro. A chuva se espalhou pelo país e várias capitais brasileiras vão terminar outubro de 2021 com volumes acumulados de chuva acima da média para este mês.

Temperatura do Atlântico Sul favorável

Basicamente, a baixa temperatura em São Paulo pode ser explicada pelo excesso de dias com muita nebulosidade e chuva e a presença de ar frio de origem polar.

O ar frio e parte da chuva foram provocados pela passagem de frentes frias sobre a Região Sudeste, mas as condições da temperatura superficial da água do mar no Atlântico Sul facilitaram o deslocamento das frentes frias.

A água do mar mais quente do que o normal, na região oceânica próxima da costa da Argentina e da Região Sul, favoreceu o avanço mais lento das frentes frias pela costa do Sul e do Sudeste do Brasil. Isto estimulou a formação de mais áreas de instabilidade sobre o centro-sul do país.

La Niña

O fenômeno oceânico-atmosférico La Niña se estabeleceu de vez na porção central-leste do oceano Pacífico Equatorial. O La Niña é o período em que a temperatura da água nesta região do Pacífico fica abaixo do normal, tanto na superfície quanto em profundidade.

As observações mostram que o fenômeno La Niña contribui para que a temperatura fique amena no estado de São Paulo.

Sem Bloqueio

No começo da primavera de 2020, uma situação de bloqueio atmosférico dificultou a passagem das frentes frias e das massas de ar frio de origem polar pelo centro-sul do Brasil. Houve também uma parada no deslocamento das áreas de instabilidade associadas com a oscilação Madden-Julian. Este foi um dos principais motivos para instalação da super onda de calor que o Brasil viveu em parte de setembro e de outubro de 2020.

Em outubro de 2021, sem bloqueio na circulação de ventos na média e na alta atmosfera, e com a temperatura da água do Atlântico Sul favorável, as frentes frias avançaram mais facilmente pela costa do Sul e Sudeste. A frente fria da semana de 18 a 22 de outubro de 2021 chegou ao sul da Bahia e ajudou a formar áreas de chuva sobre o Nordeste e sobre o Tocantins.

Alta da Bolívia

Uma situação pouco comum também foi observada em alguns dias de outubro de 2021: a formação da Alta Bolívia. Este sistema meteorológico ocorre em torno de 10 km acima da superfície e é a resposta da alta atmosfera a um grande aquecimento em superfície. É um sistema meteorológico típico de verão.

O calor acima do normal de setembro de 2021 estimulou a formação da Alta da Bolívia em outubro, que contribuiu para a organização de áreas de instabilidade pelo interior do Brasil. A passagem das frentes frias combinada com a Alta da Bolívia organizou um grande corredor de umidade sobre o Brasil. Em alguns dias, as imagens da nebulosidade captadas pelos satélites meteorológicos mostraram uma situação muito semelhante a de uma Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), embora outras condições técnicas não permitissem a caracterização efetiva deste sistema.

Novembro ainda pode ter frio atípico?

Novembro ainda pode ter frio atípico? A resposta é sim. Para o próximo mês, não se pode descartar a ocorrência de mais episódios de frio atípico no centro-sul do Brasil, com temperaturas dentro a abaixo da média em algumas partes da Região Sudeste. O fenômeno La Niña persiste no Pacífico Equatorial e vai continuar auxiliando no aumento de nebulosidade e temperaturas mais próximas da normalidade.

Tardes de outubro estão 2°C abaixo do média em São Paulo

No fim da tarde do dia 22 de outubro, São Paulo ainda sentia a presença do ar frio de origem polar, mas estava se livrando das nuvens que esconderam o sol por toda a semana. Viva o sol! Ele brilhou num sábado quente, que teve calor de quase 32°C, mas que anunciava a chegada de mais uma frente fria que trouxe a chuva e o vento frio de volta para domingo. A temperatura despencou de novo!

Pelos registros do Instituto Nacional de Meteorologia, em 24 dias apenas 9 tiveram temperatura máxima igual ou superior à média de referência para temperatura máxima que é de 25,9°C. A média das temperaturas máximas observadas de 1 a 24 de outubro de 2021 foi de 23,9°C, 2,0°C abaixo da média climatológica para este mês.

Curiosidade

Outubro de 2021 está sendo com temperatura muito abaixo do observado na mesma época do ano passado. A média das temperaturas máximas de 1 a 24 de outubro de 2020 foi de 28,5°C, 4,6°C acima da média das máximas no mesmo período de outubro de 2021

Fonte: Climatempo