Governo de São Paulo prorroga quarentena até 31 de maio

'Autorizar o relaxamento agora seria colocar em risco milhares de vidas, o sistema de saúde e, por óbvio, a recuperação econômica', disse João Doria nesta sexta (8). Medida, que teve início em 24 de março, mantém regras de funcionamento apenas de serviços essenciais.

O governador João Doria (PSDB) prorrogou a quarentena em todo o estado de São Paulo até o dia 31 de maio. O anúncio foi feito no início da tarde desta sexta-feira (8) em coletiva no Palácio dos Bandeirantes, na Zona Sul da capital paulista.

“Teremos que prorrogar a quarentena até o dia 31 de maio. Queremos, sim, em breve juntos poder anunciar a retomada gradual da economia como, aliás, está previsto no Plano São Paulo. A experiência de outros países, e nós temos utilizado essas experiências aqui, mostra claramente o colapso da saúde e, quando isso acontece, paralisa tudo”, disse Doria.

Governador João Doria anunciou nesta sexta-feira (8), no Palácio dos Bandeirantes, prorrogação da quarentena até 31 de maio (Imagem: Reprodução/ Portal do Governo do Estado de São Paulo)

Doria defendeu que a flexibilização das medidas restritivas, neste momento, prejudicaria não apenas o sistema de saúde, mas também a própria recuperação econômica do estado.

“Na região metropolitana [registramos] um aumento de 760% em apenas 30 dias. Em um mês, 760%. Estamos todos atravessando o pior momento desta pandemia. Só não reconhece, vê, percebe, aqueles que estão cegos pelo ódio ou pela ambição pessoal. Autorizar o relaxamento agora seria colocar em risco milhares de vidas, o sistema de saúde e, por óbvio, a recuperação econômica”, afirmou.

Com a decisão, permanecem autorizados a funcionar apenas serviços essenciais. A ampliação do isolamento se deve ao aumento do número de casos e mortes em razão do coronavírus.

Atualmente, são 3.416 óbitos no estado confirmados por exame laboratorial, um aumento de 7% em relação aos números de quinta-feira (7). O número de casos confirmados é de 41.830, valor 5% superior ao registrado na quinta.

“O medo é o pior conselheiro da economia, prejudica o consumo, afugenta investimentos e ataca os empregos. A quarentena, felizmente, está salvando vidas em São Paulo e em outros estados brasileiros. Pessoas que poderia ter adoecido e falecido estão em vida e agradecendo por estarem vivendo e convivendo com seus familiares e desfrutando ainda a vida”, defendeu o governador, durante anúncio feito nesta tarde.

O governo buscava entre 50% e 60% para iniciar a flexibilização da quarentena, mas as autoridades de saúde apontam que a taxa ideal seria de 70%. O estado nunca chegou ao valor ideal, sendo as maiores taxas de 59% sendo registradas apenas em domingos.

Nas últimas 24 horas, dez novas cidades do estado registraram casos de coronavírus. A propagação cresce quatro vezes mais rapidamente nas cidades do interior e do litoral do que na Grande São Paulo, segundo dados do governo.

A administração estadual acredita que até o final de maio, todas as 645 cidades do estado terão casos confirmados da doença.

Parâmetros

Em coletivas mais recentes, o governador disse que não iria flexibilizar se as cidades que não atingissem o índice mínimo de 50% (o ideal é 70%), outro dado utilizado para analisar que cidades poderiam ter condições de reabrir o comércio e outras atividades econômicas não essenciais. Na quarta-feira (6), a taxa de isolamento social no estado e na capital estavam em 47%.

E poucos cidades conseguiram manter uma média acima do índice mínimo exigido. São Sebastião e Ubatuba, no litoral, estariam nesse grupo.

A um dia do anúncio previsto nesta sexta sobre quais cidades poderiam flexibilizar a quarentena no estado, o governo paulista classificou o risco de contágio pelo coronavírus como grave e preocupante nas regiões da Grande São Paulo, Campinas, no interior, e Baixada Santista, no litoral.

A medida de flexibilização do isolamento social devido ao coronavírus deve ser feita em etapas, com autorizações específicas para cada região do estado, de acordo com o avanço da doença.

“Todas as regiões tiveram situações crescentes. Algumas regiões têm situações mais graves, como a Baixada Santista, Campinas, Região metropolitana de São Paulo. Há uma preocupação muito grande com esses números”, diz o secretário Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, na quinta-feira ao G1.

A região metropolitana de São Paulo tem 39 cidades, a Baixada Santista, 9, e a região de Campinas, 24.

Os “números” a que o titular da pasta do Desenvolvimento se referiu são dados estatísticos que poderiam indicar se os municípios dessas três regiões têm condições de relaxar o isolamento social e, dessa maneira, poder reabrir gradualmente o comércio local e outras atividades econômicas.

Ao todo, o estado possui 15 regiões metropolitanas. Cada região tem um número diferente de municípios em torno de uma cidade maior.

3 regiões

De acordo com o secretário de Desenvolvimento, São Paulo, Campinas e Santos “são regiões que a gente registra um risco importante” em razão do aumento nos números de mortes e casos devido à doença.

“A região metropolitana de São Paulo tem tido um crescimento grande”, justifica Vinholi.

“A região de Campinas também é uma região [que preocupa]. Pela proximidade com São Paulo, pela aceleração, por todos os dados é uma região que tem um impacto importante também”, comenta o secretário.

“Posso registrar a preocupação grande com a Baixada Santista, além de ter tido um crescimento de 272% [no número de casos da doença] do período de março e queda na taxa de isolamento social, tem uma população acima de 60 anos maior que a média estadual”, fala Vinholi. “Grupo de risco é maior e é uma região preocupante.”

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O plano de flexibilização foi chamado de “Plano São Paulo”. O plano começaria a funcionar a partir de segunda-feira (11).

Além de classificar os municípios e regiões por zonas de cores (Vermelha, Amarela e Verde), o governo estadual vai analisar o desempenho deles por meio de índices como, por exemplo, o da taxa de isolamento social acima de 50% (ela é medida pelo deslocamento dos celulares da população).

Desde 24 de março o estado está em quarentena, com decretos que estabeleceram regras rígidas, como a permissão somente para os serviços essenciais (saúde, transporte, alimentação etc) funcionarem. Atividades não essenciais (lazer, turismo e entretenimento entre outros) estão proibidas de abrir.

Os critérios de classificação das zonas no “Plano São Paulo” serão os seguintes:

  • Zona Vermelha: elevado número de casos de coronavírus ou alta ocupação de leitos hospitalares por pacientes internados com a doença;
  • Zona Amarela: número estável de casos de Covid-19 e ocupação adequada de leitos com doentes;
  • Zona Verde: baixo número de casos da doença, pouca utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), além de testagem e protocolos para o vírus implementados.

“A cada nível de risco tem um nível de flexibilização adequado para ele. Então teoricamente na Zona Verde há uma maior flexibilização, na Amarela um pouco menor, e na Vermelha sem flexibilização”, explicou o secretário de Desenvolvimento.

Fonte: G1.globo.com (leia a matéria completa)