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O que acontece com o corpo quando você para de comer açúcar

Uma pesquisa recente do WW Vigilantes do Peso mostra que 37% dos brasileiros ultrapassam o consumo de até seis colheres de chá de açúcar por dia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a ingestão diária de até 25 gramas do produto. O consumo excessivo do açúcar pode trazer diversos prejuízos para a saúde como doenças como obesidade, diabetes, hipertensão, além de dificultar o processo de emagrecimento, já que contém um alto valor calórico. O açúcar refinado, o mais comum nos lares brasileiros, é um dos principais vilões da alimentação saudável, já que seu processo de produção faz com que ele perca qualquer benefício que poderia trazer para o nosso organismo e se transforma em um alimento de caloria vazia, ou seja, não nutritivo.

(Imagem Ilustrativa: 955169 por Pixabay)

Veja abaixo todas as implicações que podem ocorrer em nosso corpo quando consumimos açúcar, especialmente o refinado, acima do recomendado:

O que acontece quando se para de ingerir açúcar refinado?

Em uma semana

Em um mês

Em um ano

“O consumo de açúcar simples gera picos e quedas repentinas de glicemia no sangue. A cada ‘baixa’, sentimos ainda mais vontade de comer. Se a próxima escolha for um carboidrato ou doce, por exemplo, o ciclo se reinicia. Com o passar dos anos, esse ciclo vicioso contribuirá também para o surgimento de outras doenças, como pressão alta, colesterol e obesidade”, comenta a nutróloga.

“Além do maior controle das calorias ingeridas, ao parar de consumir açúcar, a pessoa terá um melhor controle do diabetes. E quanto mais tempo a pessoa continuar com esta alimentação, não precisará se preocupar com essas complicações”, explica a endocrinologista Rosana Radominski

“A pele vítima de glicação apresenta sinais de envelhecimento, como rugas e linhas de expressão, além de também apresentar flacidez e manchas. Além disso, ela tem a aparência espessa e perde seu viço e luminosidade. Após um longo período sem consumir açúcar, nota-se a melhora no aspecto da pele”, comenta a endocrinologista Bruna Marisa.

“Quando ingerimos açúcar, os níveis de glicose no sangue aumentam, fazendo com que o pâncreas produza insulina, hormônio responsável por reduzir a glicose, além do normal. Para reequilibrar o organismo, nosso sistema coloca em ação a insulina, que tem como objetivo fazer a glicose circular. O excesso de açúcar é considerado tóxico e acaba se transformando em gordura, que interfere no equilíbrio nervoso. Além disso, um estudo feito em 2008 pelo The Scripps Research Institute, uma organização americana privada, apontou que o açúcar pode reduzir as atividades da orexina, um neurotransmissor que regula a excitação, a vigília e o apetite. Quando esses neurotransmissores têm suas atividades reduzidas, o organismo passa a ficar mais sonolento e cansado”, explana a nutróloga.

Segundo a médica Marianna Magri Real, nutróloga do Hospital Albert Einstein de São Paulo, o açúcar tem ainda grande influência na compulsão alimentar.

“Quanto mais açúcar e alimentos refinados e ultraprocessados consumimos, mais o nosso paladar fica viciado nesse excesso de sabor. Esses alimentos ultraprocessados são geralmente acompanhados de xarope de milho, que tem alto teor de frutose, ou substâncias que aumentam a palatabilidade. E os alimentos açucarados agem diretamente no nosso cérebro, ativando o circuito de recompensa a curto prazo, o que aumenta a produção de dopamina, neurotransmissor que provoca a sensação de prazer e aumenta a motivação”, explica a nutróloga.

Já a médica endocrinologista Rosana Radominski comenta que o consumo de açúcar em excesso contribui para o aparecimento de gordura no fígado.

“Além do excesso de peso e do diabetes, o açúcar consumido em grande quantidade, quando não é gasto, se transforma em triglicerídeos em nossa corrente sanguínea. E esses triglicerídeos são acumulados no fígado, o que pode acarretar uma série de problemas no funcionamento deste órgão”, comenta Rosana, que é membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e professora titular da Universidade Federal do Paraná.

Claro que o corpo precisa de açúcar para ter energia, mas para isso o açúcar natural presente, por exemplo, nas frutas têm um efeito muito menos nocivo. Com cinco porções de frutas diárias, já há a ingestão de frutose (o açúcar natural das frutas) e, junto a ela, das fibras, vitaminas, minerais que ajudam a regular o metabolismo e, com isso, minimizam o ganho de peso e maximizam os ganhos nutricionais.

Consumo de açúcar e o câncer

Como comentado anteriormente, a ingestão de açúcar está diretamente relacionada a diversas disfunções do organismo como diabetes e obesidade. Mas quando falamos em ocorrência de câncer, a associação não é tão simples. Isso porque o açúcar não causa câncer, mas pode alimentá-lo.

A nutróloga Marianna Magri explica que as células cancerígenas, assim como todas as demais células do nosso organismo, precisam de fontes de energia para sobreviver. E a fonte mais “apreciada” pelas células defeituosas é justamente a glicose que, juntamente com a frutose forma a sacarose, ou o açúcar comum.

“A partir dessa constatação, muita gente acha que simplesmente abolindo o açúcar da dieta é possível evitar ou mesmo combater o câncer. Mas é preciso lembrar que as células saudáveis também precisam de glicose. E não há como dizer ao nosso corpo que entregue a glicose necessária para as células saudáveis, mas não faça o mesmo com as células cancerígenas. O elo já é bem conhecido e foi melhor compreendido, através de estudos e trabalhos com roedores que mostram que os animais que seguiam uma dieta rica em açúcar tinham níveis maiores de interleucina 6 e TNF-alfa, duas substâncias inflamatórias – explica. – E a inflamação, como se sabe, está relacionada aos tumores. O consumo elevado de açúcar colabora com um processo inflamatório constante nas células, o que facilita o aparecimento do câncer”.

Pesquisadores do Reino Unido publicaram uma pesquisa em 2018 que analisou a ocorrência de 12 tipos de câncer e concluiu que tanto a diabetes quanto a obesidade foram responsáveis por mais de 1,6 milhão de novos casos em todo o mundo.

A endocrinologista Bruna Marisa explica que a ocorrência de diabete mellitus afeta também o coração e os vasos sanguíneos, o que aumenta também o risco de infarto e derrame cerebral.

Então, para ter uma dieta mais saudável, níveis de insulina, triglicerídeos e glicose controlados, fuja do açúcar refinado e alimentos processados.

Fontes:

Marianna Magri Real – Médica Nutróloga do Hospital Albert Einstein. Atua na área de saúde em São Paulo há mais de cinco anos, sempre foi uma entusiasta da culinária e alimentação saudável.

Rosana Radominski – É médica endocrinologista pela UFPR e possui especialização em Medicina do Esporte pela UNIFESP. Tem mestrado em Clínica médica pela UFPR e doutorado em Endocrinologia na Universidade de São Paulo – USP. É membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e também professora titular da UFPR – Universidade Federal do Paraná.

Natalia Guerra Bordignon – Nutricionista com especialização em Fisiologia do Exercício. É ex-atleta da Seleção brasileira de judô e da Marinha do Brasil.

Bruna Marisa – Médica endocrinologista e pós-graduada em Medicina Ortomolecular. Também é especialista em emagrecimento.

Fonte: EuAtleta

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