Anomalia magnética do Atlântico Sul pode afetar meios de comunicação

O Centro de Astronomia e Astrofísica Mackenzie coletou informações e dados de antenas localizadas no Havaí, Peru e Atibaia que revelam que as perturbações interferem diretamente na propagação das ondas de rádio de curta distância.

Antônio Amândio Sanches de Magalhães, integrante e doutorando do programa Ciências e Aplicações Geoespaciais do Centro de Rádio Astronomia e Astrofísica Mackenzie (CRAAM), apresenta um tema extremamente relevante que pode interferir na qualidade dos meios de comunicação. Segundo o pesquisador, há uma anomalia no campo magnético da Terra localizada sobre o Brasil e parte da América Latina, evidenciada pelo comportamento da Ionosfera – camada da atmosfera terrestre mais distante do solo -, o que pode interferir diretamente na propagação das ondas de rádio de curta distância e, por sua vez, pode afetar os meios de comunicação.

Natural de Portugal, 78 anos, Magalhães é formado em engenharia termoelétrica, equivalente à engenharia elétrica no Brasil. O mais novo doutor comemora os resultados das pesquisas. “Pela primeira vez conseguimos mostrar evidência observacional da alteração da ionosfera na região da anomalia magnética do Atlântico Sul e confirmamos a existência de várias periodicidades na altura noturna dessa camada atmosférica”, disse Antônio, que teve a tese aprovada com distinção e foi bastante elogiado pela banca de avaliação.

Ondas de rádio emitidas por uma antena localizada no Havaí, e recebidas por antenas receptoras localizadas em Atibaia, no interior paulista, e também Pucusana, no Peru, foram as principais ferramentas instrumentais utilizadas para o estudo. “Os diversos períodos em que o fenômeno foi estudado, de dia ou de noite, ao amanhecer ou ao anoitecer, foi importante para a conclusão”, explica.

A tese também trouxe outros resultados. Além da anomalia magnética, o estudo investigou a sensibilidade diurna da lonosfera. Essa região atmosférica é onde ocorrem processos de ionização de partículas por conta da radiação solar. Outro fator estudado foi sobre a variação das propriedades das ondas nessa camada durante a noite. “Vale lembrar que o Mackenzie teve grande participação no meu trabalho, sobretudo, devido ao apoio do meu orientador, o professor doutor Jean-Pierre Raulin, coordenador do CRAAM. Além do apoio e aconselhamento científico, foi meu grande amigo desde a primeira hora”, elogiou.

“Queremos que no futuro ele possa também nos ajudar em termos de consultoria. Além disso, o professor ressaltou a importância do trabalho de Magalhães na UPM. O novo doutor foi um dos responsáveis pela decisão sobre a reabertura do Rádio-Observatório Pierre Kaufmann (ROPK) em Atibaia, há cerca de um ano”, lembra Raulin.

O CRAAM originou-se em 1960, como Grupo de Rádio Astronomia Mackenzie – GRAM, da então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade Mackenzie, incorporando as atividades experimentais de um grupo de estudantes de física, engenharia, técnicos, e aficionados da Associação de Amadores de Astronomia, São Paulo, iniciadas desde 1958. Suas atividades em pesquisas e pós-graduação foram pioneiras no Brasil, nas áreas de rádio ciências, incluindo rádio astronomia, física solar, relações solares-terrestres, física da ionosfera, astrofísica, instrumentação rádio-científica e ciências espaciais.

Fonte: Infor Channel