Entenda como prevenir a microcefalia: síndrome causada por Zika que eleva a mortalidade

Condição afeta bebês de gestantes infectadas e exige acompanhamento médico contínuo para amenizar atrasos de desenvolvimento.

O vírus da Zika pode ser assintomático ou causar uma doença geralmente leve, que provoca dor nas articulações e manchas vermelhas pelo corpo. Mas esse não é seu principal impacto de saúde pública: quando infecta gestantes, em um terço dos casos os bebês podem nascer com microcefalia, uma malformação no cérebro que eleva a mortalidade da criança em 11,3 vezes.

Após o Brasil enfrentar um dos maiores surtos de Zika entre 2015 e 2016, resultando em quase 2 mil casos da malformação, o governo federal instituiu a Semana Nacional de Conscientização sobre Microcefalia, que tem início em todo dia 4 de dezembro.

Dependendo da gravidade do quadro, a expectativa de vida da criança é extremamente reduzida: na última epidemia, mais de 80% das mortes aconteceram antes do bebê completar um ano de idade. A exposição ao vírus também pode resultar em abortos espontâneos ou natimortos.

Além disso, alguns bebês podem nascer com a cabeça no tamanho normal, mas ainda assim apresentar anormalidades intelectuais e cognitivas. Esse espectro de condições é chamado de Síndrome Congênita do Vírus Zika.

Sem tratamento específico, o foco do combate ao Zika – que circula em 89 países, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) – está na prevenção. A transmissão do patógeno acontece principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, mas também pode ocorrer por meio da relação sexual ou transfusão de sangue.

(Imagem Ilustrativa: WikiImages por Pixabay)

Como não existe hoje uma vacina disponível para evitar a propagação da doença, o Ministério da Saúde estabelece outras estratégias para se prevenir, focadas principalmente no combate ao vetor:

  • utilizar telas em janelas e portas
  • vestir roupas compridas
  • aplicar repelente
  • usar preservativos, mesmo se tiver parceiro(a) fixo (pois é possível ter sido exposto ao vírus e não saber)
  • não deixar água parada em vasos, pneus velhos, calhas e outros locais da casa
  • colocar o lixo em sacos plásticos e manter a lixeira sempre bem fechada

As gestantes devem ter atenção redobrada a essas medidas, desde o pré-natal até o puerpério, especialmente em épocas mais quentes e chuvosas, que favorecem a proliferação do mosquito. Os repelentes mais indicados para as grávidas são à base de icaridina, DEET ou IR3535.

Um dos maiores desafios relacionados à Zika é o diagnóstico, já que a maioria dos casos é assintomática – uma a cada quatro pessoas desenvolve sintomas. As manifestações costumam aparecer dois a sete dias após a picada, e incluem febre baixa, erupções cutâneas, dor de cabeça, dor nas articulações, dor muscular e conjuntivite. Mulheres que apresentam suspeita de infecção ou receberam sangue e hemoderivados durante a gestação devem fazer o teste, disponível na rede pública.

De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), além do Zika, existe uma variedade de fatores genéticos e ambientais que podem causar microcefalia, como a co-ocorrência de Síndrome de Down no feto; a exposição da gestante a drogas, álcool ou outras toxinas; e a infecção por rubéola durante a gravidez.

Cuidando da criança com a síndrome

A Síndrome Congênita do Vírus Zika, que inclui a microcefalia, pode estar associada a convulsões, atrasos no desenvolvimento, deficiência intelectual, dificuldades motoras e de equilíbrio, além de comprometimento visual, auditivo e da fala. Os sintomas dependem do grau do dano ou subdesenvolvimento apresentado pelo cérebro. O diagnóstico é feito antes do nascimento, por meio do ultrassom, ou após o parto, a partir da medição da circunferência da cabeça e exames clínicos.

Os pacientes devem fazer acompanhamento médico contínuo, muitas vezes por diferentes especialistas. Além disso, precisam receber estimulação precoce, que engloba técnicas e recursos terapêuticos para favorecer o desenvolvimento motor, cognitivo, sensorial, linguístico e social, evitando ou amenizando eventuais prejuízos.

Outro cuidado importante é manter a vacinação da criança em dia, seguindo o calendário vacinal do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Diagnóstico mais preciso

Outro obstáculo da identificação dos casos de Zika é que os atuais diagnósticos do mercado ainda apresentam risco de reação cruzada com o vírus da dengue – ou seja, o teste pode confundir um patógeno com o outro. Isso porque a principal proteína presente nestes vírus, a NS1, é muito semelhante entre os dois.

Uma descoberta do Instituto Butantan, Instituto Adolfo Lutz, Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual Paulista (UNESP) pode ser usada para desenvolver um novo teste mais preciso, a partir de fragmentos da proteína NS1 que detectam a presenta de anticorpos específicos anti-Zika.

Fonte: Portal do Governo do Estado de São Paulo