Polícia prende em Atibaia suspeito de matar idoso atropelado durante ato do MST

De acordo com o delegado, motorista de 60 anos confessou o crime, mas disse que "acelerou por medo", após "ter o carro cercado".

A Polícia Civil prendeu no fim da tarde de quinta-feira (18), em Atibaia (SP), o vendedor Leo Luiz Ribeiro, 60 anos, suspeito de atropelar e matar um idoso de 72 anos que participava de um ato de moradores de uma ocupação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Estrada do Jequitibá, em Valinhos (SP). Um vídeo de um ônibus que estava parado na manifestação registrou o momento em que a caminhonete avança sobre o grupo.

Em depoimento à Polícia Civil, Ribeiro alegou que acelerou a caminhonete por medo. O delegado Júlio César Brugnoli, titular do 1º DP de Valinhos, contou que o suspeito disse não ter percebido que havia matado alguém e que acelerou depois de o carro ser cercado pelos manifestantes. Ele estava acompanhado do filho de 28 anos, que foi ouvido como testemunha.

“Ele [alegou que] foi abordado na estrada, de uma forma violenta, que a caminhonete estava sendo atacada por pedras e paus pelo pessoal do MST, e que a reação dele foi de fuga e que não teria percebido o atropelamento e fugido por medo da situação”, disse Brugnoli.

Ribeiro foi encaminhado à cadeia anexa ao 2º Distrito Policial de Campinas (SP), e de acordo com Brugnoli, irá responder pelos crimes de homicídio doloso, lesão corporal dolosa e fuga do local do acidente. Nenhum advogado esteve presente no plantão durante o registro da ocorrência.

Vídeo de ônibus

Os policiais chegaram até ele com ajuda da imagem de um circuito interno de um ônibus, que estava parado em virtude do protesto e registrou o atropelamento.

Câmeras de rodovias também auxiliaram na identificação e mostram o veículo momentos antes de entrar na Estrada dos Jequitibás.

O caso

Um motorista avançou com o veículo sobre moradores de uma ocupação do MST em Valinhos (SP) na manhã de quinta-feira (18), matou um homem de 72 e deixou ao menos outras cinco pessoas feridas, entre elas um jornalista que gravava imagens do ato.

Sobrevivente do atropelamento, o cinegrafista Carlos Felipe Tavares disse ao G1 que o motorista “fez o que queria fazer”.

“Eu queria deixar claro que não foi um acidente. Foi um assassinato. Ele quis fazer o que fez”, disse.

Segundo o advogado da ocupação “Marielle Vive”, Alfredo Bonardo, por volta das 8h os moradores pediam fornecimento de água e assistências escolar e de saúde para a Prefeitura de Valinhos durante o protesto na Estrada dos Jequitibás, onde ficam as moradias. Entregavam folhetos a quem passava pelo local para expor a situação dos habitantes.

A estrada é de mão dupla e estava bloqueada durante a panfletagem e entrega de alimentos produzidos pelos moradores. Foi quando uma caminhonete preta se aproximou pela contramão em alta velocidade, informou o advogado.

Aproximadamente 400 pessoas participavam do ato, segundo Bonardo, sendo metade concentrada na pista. Os manifestantes tentaram ir atrás do assassino, mas o motorista teria mostrado que estava armado, informou o advogado.

Fonte: G1.globo.com