Especialista dá dicas de como treinar com segurança no verão e no inverno

O cardiologista Mateus Freitas Teixeira comenta os riscos da prática esportiva em temperaturas extremas. Veja dicas para se cuidar.

Estamos no verão, temperatura quente, com sensações térmicas e umidade alta. No entanto, no início de fevereiro, as olimpíadas de inverno são realizadas em Pequim, na China. Com esses extremos de temperatura, como fica e quais as alterações cardiovasculares? O que temos em comum e como nos proteger?

(Imagem Ilustrativa: Kate Trysh por Pixabay)

Verão

O verão, a estação que estamos, se apresenta como um grande desafio na preparação dos atletas profissionais e amadores. Pois, além da temperatura ambiental alta, existem fatores individuais que exercem um papel importante para o diagnóstico de uma alteração clínica, conhecida como colapso de calor. São eles: aclimatação ao calor, doença virótica recente, medicamentos e suplementos vasoativos.

Essa alteração clínica se relaciona com altas temperaturas corporais, falha na autorregulação corpórea e desidratação vigorosa. Assim, há uma diminuição do débito cardíaco para dar suporte aos sistemas corporais, além de gerar uma baixa no transporte cardiovascular de calor do centro até a superfície do corpo. Isso, por sua vez, acelera a elevação da temperatura central, piorando o caso.

Suspeitamos de colapso de calor na prática quando o atleta apresenta fadiga, julgamento prejudicado, fraqueza, rubor, tremores, tonteira e mudanças sutis de personalidade. Pode haver sinais de hiperventilação (ventilação acelerada), hipotensão (pressão arterial baixa) e taquicardia. Em casos mais graves, pode gerar depressão do sistema nervoso central, convulsão e alteração de coagulação.

O tratamento é cessar a atividade, resfriar o corpo e se hidratar. Então, a dica aqui é procurar horários menos quentes para realização da atividade ou lugares frescos, manter hidratação vigorosa e, em caso de suspeita clínica, parar a atividade e resfriar o corpo. Para os atletas, é fundamental traçar um planejamento de aclimatação, hidratação e suplementação.

Inverno

As baixas temperaturas trazem outros desafios, pois podem aumentar em até 30% o risco de infarto agudo do miocárdio. Temperaturas abaixo de 15 graus fazem com que o corpo precise acelerar o metabolismo para manter o equilíbrio térmico. Com isso, há uma sobrecarga do aparelho cardiovascular, com aumento de pressão e diminuição dos calibres dos vasos. Eleva-se os casos de angina, AVC e infarto.

Além disso, em temperaturas baixas, pode ocorrer cansaço, apatia e alteração motora e, em casos graves, alterações no sistema nervoso central. O frio também aumenta os casos de doenças respiratórias. A dica é manter-se aquecido e hidratado. Caso seja atleta, atente-se para o material especial para suportar o frio e planeje aclimatação e hidratação.

Vale sempre lembrar que alterações bruscas de temperatura podem desencadear eventos cardíacos em pessoas que possuem alguma comorbidade, como idade avançada, colesterol alto, obesidade e doença coronária prévias. Logo, evitar choque térmico é fundamental, não sendo aconselhado sair de lugar mundo quente e entrar zona frias e vice-versa.

Dicas importantes

  1. Evite os extremos de temperatura.
  2. Planeje-se, levando em consideração a situações climática.
  3. Hidrate-se de forma eficiente e responsável.
  4. Procure um médico especializado para avaliação e orientações especificas.
  5. Evite choque térmico.

Fonte: EuAtleta