Exercícios: Como ter disciplina e cumprir as metas de ano novo

Ano novo, vida nova? Com a chegada de um novo ano e a passagem do Carnaval, as pessoas costumam se motivar em deixar velhos hábitos no passado e transformar a vida para melhor. Esse período simboliza uma oportunidade de renovação e recomeço, incentivando a reflexão sobre o ano anterior e o desejo de alcançar novos objetivos. É essencial ter em mente que projetar metas, muitas vezes audaciosas e até mesmo inatingíveis, pode surtir o efeito contrário. Por isso, disciplina é a palavra-chave para realizar os objetivos traçados.

(Imagem Ilujstrativa de bruce mars por Unsplash)

“Estabelecer metas no início do ano tornou-se um ritual que proporciona senso de propósito e direção na vida, contribuindo para o ciclo contínuo de realização pessoal. O hábito de criar listas de metas no início de cada ano é considerado saudável e eficaz para muitas pessoas, mas tudo depende da expectativa e do excesso de metas para o ano atual”, adverte a psicóloga clínica Larissa Fonseca.

Como avaliar as metas

Os especialistas concordam que fazer uma lista de metas para o novo ano pode ser uma atitude positiva, possibilitando às pessoas mais determinação para alcançar os objetivos. No entanto, como avaliar se as metas propostas são muito difíceis ou impossíveis de serem colocadas em prática?

“Esse costume pode ser saudável ao ser encarado como esperança e motivação para sempre buscar melhorar e ultrapassar seus limites. Por outro lado, podem elevar exageradamente expectativas e, se não alcançadas, levar à frustração. Portanto, o indivíduo deve ter clareza em priorizar as metas e estabelecer planos para, de em etapa a etapa, possa avançar em direção aos objetivos. Até porque a frustração pode levar a diversos sentimentos, como culpa, raiva e fracasso”, pontua o psiquiatra Elton Yoji Kanomata

“Tendo clareza e elencando prioridades dentro das metas, é mais possível entender melhor quais as reais chances de alcançá-las e, com isso, não desistir de seguir em frente”, complementa o especialista.

Como executar as metas

Por isso, Larissa recomenda que, ao avaliar as metas, é necessário considerar certos pontos-chave.

“Primeiro, examine se as metas são realistas em relação ao tempo, aos recursos e às habilidades disponíveis. Se as metas demandarem mais do que você pode razoavelmente oferecer, elas podem ser inatingíveis. Sempre que isso ocorrer, diminua a meta para ser tangível e futuramente ser reajustada novamente. Pequenas metas – muito mais do que grandes metas – podem proporcionar foco, motivação e direção, promovendo a autodisciplina e refletindo em um senso de realização pessoal”.

Por exemplo, se a meta é emagrecer 20 quilos em 2024, a pessoa pode criar sub metas mais realistas, como eliminar de 1,5 a 2 quilos a cada mês. E, claro, criar estratégias para conseguir perder esse peso de maneira saudável e segura: fazer um check-up, se consultar com um nutricionista para rever os hábitos alimentares e começar uma atividade física de forma regular, que ajude no emagrecimento ao mesmo tempo em que dê prazer.

“Se a pessoa apenas colocar que precisa emagrecer 20 quilos em um ano vai se desesperar, não vai atingir o objetivo sem planejamento e irá desistir. Para executar as metas, é necessário ter motivação, e as pequenas metas ajudam nisso. É importante revisar as metas durante os meses. Pode ser a cada três meses e ir adequando, até incluindo novas. Afinal, somos seres mutantes e, muitas vezes, encontramos sentido em novas coisas, que podem servir para aumentar a nossa motivação”, ensina a mestre em fisiologia do exercício Bianca Vilela.

“O ser humano precisa de metas para viver. Elas são importantes propulsoras de motivação. No entanto, o que se deve ter em mente é traçar metas pequenas e palpáveis para ser mais eficaz”, complementa a especialista.

Como parar de viver no automático

Como parar de viver no “modo automático” e realmente ter disciplina e foco para transformar os maus hábitos em costumes bons e saudáveis?

Na visão de Larissa, é importante levar as metas para a terapia ou conversar com alguém a respeito. Assim, é possível realizá-las sem perder o foco e a motivação. Terapeutas, psicólogos, nutricionistas e professores de educação física podem (e devem) ajudar no processo de transformação.

“Essa é uma forma de realizar o possível para atingir os objetivos. Um segundo olhar auxilia na percepção da autossabotagem. É uma tendência natural se sabotar, pois o habitual é manter a zona de conforto. Naturalmente, a expectativa frustrada em não atingir objetivos pode transformar-se em ansiedade. Pensar “não vou conseguir atingir” pode desenvolver uma limitação para lidar com falhas e erros e, de uma forma geral, desenvolver ansiedade”, explica a psicóloga.

“A pressão intensa para alcançar metas inatingíveis leva ao ciclo auto sabotagem, frustração e ansiedade, prejudicando a saúde mental. Portanto, é vital ajustar metas sempre que necessário para garantir que elas sejam tangíveis, promovendo um senso realista de progresso e evitando expectativas irrealistas”.

Como sair do sedentarismo

Já em relação à meta específica de conseguir abandonar o sedentarismo, Bianca destaca que o estresse e o cansaço do dia a dia comprometem muito o rendimento das pessoas. Sendo muito importante um comprometimento maior em relação à prática dos exercícios.

“Para sair do sedentarismo temos que pensar ainda mais no que é realmente tangível para conseguir. O primeiro passo é encontrar a atividade que mais nos satisfaz. Eu afirmaria que o ideal é fazer 3x na semana musculação e 2x atividades aeróbicas. Para muitos isso é alcançável, mas para a maioria não é”, recomenda.

“Temos que pensar que a pessoa tem que começar do zero. Sendo assim, começar a caminhar 30 minutos, três vezes na semana, por três meses pode funcionar. Assim, começamos um novo hábito: a pessoa percebe os benefícios para a saúde e até para as atividades do dia a dia. Desse jeito, podemos ir para outra meta e, nesse processo, alcançamos objetivos maiores com o tempo”.

Fontes:

Bianca Vilela (@biancavilelaoficial) é mestre em fisiologia do exercício palestrante, escritora, speaker Tedx e especialista em saúde corporativa.

Elton Yoji Kanomata é psiquiatra, médico titular da retaguarda de Psiquiatria do Hospital Israelita Albert Einstein.

Larissa Fonseca (@lala.larissafonseca) é psicóloga clínica, palestrante e especialista em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), Psicofarmacologia, Psicologia do Sono, Luto de Emergências e Terapia Breve.

Fonte: EuAtleta