Por que algumas pessoas suam pouco no treino? Veja 5 motivos

Quando alguém treina, a temperatura do corpo aumenta, e o próprio organismo compensa esse aumento de calor do corpo através do suor. A transpiração serve, portanto, como um mecanismo termorregulador. Só que que algumas pessoas simplesmente não transpiram ou transpiram bem menos do que outras.

“Existem vários fatores que levam à diminuição do suor, como a temperatura do local de treino. Condições genéticas são mais raras, mas possíveis de acontecer, limitando as glândulas sudoríparas de produzir o suor necessário para trazer o equilíbrio de temperatura corporal”, conta o médico do esporte Páblius Staduto Braga.

(Imagem Ilustrativa: Gerd Altmann por Pixabay)

Ou seja, em locais e meses mais frios, é natural suar menos. Mas é importante estar atento a uma diminuição inesperada da transpiração e procurar um médico para descartar doenças e outras razões para essa mudança. Veja possíveis causas para esse descompasso.

1 – Tamanho e nível de atividade das glândulas sudoríparas

Nesse caso, não é um problema de saúde o culpado, e sim uma característica do organismo da pessoa.

“Algumas pessoas transpiram mais do que outras por vários motivos. Entre eles, o tamanho e o nível de atividade das glândulas sudoríparas espalhadas pelo corpo. Sem contar que as glândulas de cada um são estimuladas de forma diferente pelas terminações nervosas do sistema nervoso simpático”, garante o médico do esporte Fernando Cerqueira.

2 – Hipotireoidismo

Hipotireoidismo é um problema que acomete a glândula tireoide, responsável por regular a função de alguns órgãos, como coração e o cérebro, e que ocorre pela queda na produção de dois hormônios específicos, o T3 (triiodotironina) e o T4 (tiroxina).

“Quando a pessoa tem essa doença, o metabolismo e a produção de calor ficam mais devagar. E faz com que ela não atinja a temperatura para suar, ou seja, ela não produz calor suficiente. Ao contrário, quem tem o hipotireodismo tem frio. Mas com o tratamento adequado para equilibrar os hormônios, a pessoa volta a transpirar novamente”, descreve a médica endocrinologista Maria Fernanda Barca.

3 – Diabetes Mellitus

É uma síndrome metabólica que ocorre pela falta de insulina ou pela incapacidade da insulina funcionar corretamente, levando o organismo a ter altas taxas de açúcar no sangue. Quando isso acontece, a diabetes pode danificar os nervos do sistema autônomo, causando neuropatia. E isso vai impedir a sudorese por danos nos nervos periféricos.

4 – Medicações

Algumas medicações podem afetar a produção de suor.

“Alguns exemplos são os remédios indicados para a compulsão (vontade de comer), os anti-hipertensivos (para pressão alta), anti-histamínicos (contra alergias), antidepressivos e antipsicóticos, entre outros”, comenta Maria Fernanda Barca.

5 – Desidratação

Quando há desidratação, há consequentemente uma dificuldade de troca de calor porque não há líquido para suar. Isso pode acontecer pela devido à desidratação patológica: por exemplo, uma pessoa com diabetes que está desidratado porque urina muito e não repõe líquido adequado. Ou por uma desidratação causada por hábitos ruins de hidratação, como numa a pessoa que pratica atividade física e não faz reposição hídrica, ou ainda uma desidratação medicamentosa ou pelo consumo de bebidas alcoólicas.

“Se usar diuréticos e não repuser água adequadamente, também ficará desidratado e não vai transpirar”, relata Maria Fernanda Barca, que alerta. “Vale a pena mencionar o uso do álcool, que causa desidratação porque vai agir como um diurético”.

Outro problema é o diabetes insipidus, que leva ao desequilíbrio da água no organismo, sendo que os rins não conseguem reter o líquido.

Em tempo: é preciso estar atento às condições em que a pessoa faz atividade física. Se está frio, vai suar menos. Se o treino é de baixo impacto e em um lugar climatizado, pode não suar. Mas é importante estar atento a esse sinal e buscar um médico para descartar alguma doença.

“Ao notar que não produz suor suficiente ou adequado, ou que diminuiu consideravelmente sua produção de suor, deve-se procurar avaliação médica”, conclui o médico do esporte Páblius Staduto Braga.

Fontes:
Fernando Cerqueira (CRM 167921 – SP) é médico do esporte especializado em performance, membro da Sociedade Brasileira para Estudos da Fisiologia (Sobraf) e fellow endocrinológico pela UW School Of Medicine.
Maria Fernanda Barca é médica endocrinologista, doutora em endocrinologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Sociedade Europeia de Endocrinologia (SEE).
Páblius Staduto Braga é médico especialista em Medicina do Esporte pela Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte e Associação Médica Brasileira (SBMEE/AMB), reumatologia pela UNIFESP e Clínica Médica pela PUC (São Paulo).

Fonte: EuAtleta