Quer fazer mais exercícios? Veja 6 dicas de motivação para 2024

Psicólogo do esporte e profissional de educação física comentam sobre comportamentos que podem incentivar pessoas a começarem ou continuarem a praticar esportes e atividades físicas.

No dicionário, a palavra ‘motivação’ é descrita como “conjunto de processos que dão ao comportamento uma intensidade, uma direção determinada e uma forma de desenvolvimento próprias da atividade individual”. Não à toa a motivação pode ajudar quem quer começar ou voltar a praticar exercício físico, e esse início de 2024 pode ser a hora perfeita para tirar a ideia da cabeça e colocar em prática. Para a profissional de educação física Naiara Herrera, o incentivo para treinar qualquer esporte depende de vários fatores, dentre eles a personalidade, facilidades, expectativas, interesses e influências sociais. Já o psicólogo esportivo Paulo Penha de Souza Filho acredita ser fundamental encontrar um propósito o treino. E ambos dão, a seguir, seis dicas de motivação para começar o ano em plena atividade

(Imagem Ilustrativa de Minna Hamalainen por Unsplash)

É importante adiantar: não existe uma fórmula mágica que irá fazer você sair do seu sofá e treinar a qualquer momento. Em um vídeo no seu canal no Youtube, o médico Dráuzio Varela comenta com seus seguidores que acorda às cinco horas da manhã para correr, mas não vai com vontade. Ele brinca que nunca aconteceu de ele acordar e dizer: “Que ótimo, vou sair correndo. Na verdade, é sempre um sofrimento”. Mas, segundo o médico, ele vai porque sabe que a corrida faz bem

Mas, de fato, alguns comportamentos podem ser aliados do praticante. Ter uma companhia para treinar, usar aplicativos de rastreamento e smartwatches e ter um objetivo podem dar uma “forcinha” a mais para quem quer sair da inércia no ano que se inicia. Para falar mais sobre o que pode motivar o praticante de exercício físico, o EU Atleta conversou com Naiara Herrera e Paulo Penha. Confira as dicas que a profissional de educação física e o psicólogo do esporte trazem para te motivar a se exercitar em 2024.

Dicas

1- Tenha uma companhia para treinar

Ter uma companhia para treinar pode ser um excelente aliado. Segundo a profissional de educação física Naiara Herrera, ter um parceiro de treino pode favorecer para que ambos se incentivem a não desistir ou não faltar no treino. Além disso, pode gerar aquela “competição saudável” na qual ambos buscarão dar o seu melhor em cada treinamento.

Um estudo publicado na revista científica Journal of Osteopathic Medicine concluiu que a participação em aulas regulares de ginástica em grupo levou a uma diminuição estatisticamente significativa no estresse percebido e a um aumento na qualidade de vida física, mental e emocional em comparação com o exercício regular por conta própria ou a não prática regular de exercícios. A pesquisa aponta o fato de frequentar aulas semanais de ginástica em grupo parecer uma solução para melhorar o bem-estar e o nível de estresse.

O psicólogo esportivo Paulo Penha também concorda com o benefício de treinar em companhia. Mas alerta para situações do tipo: “meu parceiro faltou, então eu não vou também”.

“O praticante de atividade física que se estimula sozinho vai chamar pessoas para estar junto, isso motivará um ao outro a praticar. Mas na falta desse parceiro, ele também continuará fazendo. Então, é preciso tomar cuidado para não ser um grupo em que se um falta, todo mundo falta”, comenta.

2 – Use aplicativos de rastreamento e wearables

Wearables, em tradução livre para o português, significa tecnologia vestível. Os dispositivos mais conhecidos são os aparelhos que realizam o monitoramento da saúde, como os smartbands e smartwatches. Os wearbles variam de modelo para modelo mas, no geral, permitem que o praticante acompanhe seus passos diários, batimentos cardíacos por minuto, quantidade de calorias gastas e ingeridas, tempo de atividade ativo e que ainda defina metas, adicione lembretes, entre outras funções.

Os aplicativos de monitoramento são usados, normalmente, em caminhadas, corridas, ciclismo e trilha. Eles são capazes de mostrar rotas, quilometragem percorrida e uma estimativa do gasto calórico durante a atividade.

Quando o individuo começa a ter acesso a essas informações, por mais que elas não sejam totalmente acuradas, o processo de realizar atividade física se torna mais perceptível. Com o uso desses dispositivos, simples tarefas como ir caminhando ao supermercado, andar com o cachorro, ir ao trabalho de bicicleta, por exemplo, serão percebidas como atividades que contribuem para a melhora da saúde e bem-estar. Tal fato pode se tornar uma motivação para que essas atividades se torne algo mais frequente e organizado.

Isso foi comprovado em estudo publicado na revista cientifica British Journal of Sports Medicine. O estudo concluiu que intervenções que usaram aplicativos e dispositivos de rastreamento tiveram um efeito positivo na promoção de atividade física.

Para Herrera, a tecnologia tornou-se um grande aliado na motivação para realização do exercício físico, já que através dela, os praticantes podem acompanhar sua performance em tempo real, recebem notificações com mensagens de incentivos e também de quando há exageros no treinos, além de facilitar a percepção de que as metas estão sendo alcançadas.

“Hoje, com os smartwatches que analisam a frequência cardíaca, podemos controlar melhor a intensidade do treinamento, em tempo real, de forma fácil e ter um feedback de cada treino auxiliando diretamente no treinamento e na motivação dos alunos”, comenta a profissional de educação física.

3 – Tenha um objetivo/propósito

A motivação para começar a realizar um determinado esporte ou exercício está associado a um objetivo especifico. Pode ser, por exemplo, a melhora da qualidade de vida, prevenção ou tratamento de doenças, performance esportiva ou mesmo estética.

É importante que esse objetivo seja seu, algo que faça sentido para você. Para Paulo Penha, a pessoa tem que encontrar um propósito “correto” do porquê ela quer começar a fazer exercício físico ou aumentar a frequência de treinamentos.

“Não é ideal uma pessoa começar a fazer atividade física porque os outros dizem que é importante fazer. Ela tem que encontrar um porquê dela, um motivo real que faça ela se estimular. Fazer com que esse treinamento diário ou semanal seja prazeroso e traga os resultados que ela deseje, caso contrário, a chance desse novo praticante desistir no meio do caminho é muito alta”, comenta o psicólogo do esporte.

4 – Não se cobre demais e não espere por resultados imediatos

É preciso ter cuidado para que o hábito de fazer um esporte ou exercício físico se torne uma cobrança a mais na rotina. Além disso, é comum situações de pessoas encontrarem um objetivo no esporte, mas quererem resultados incríveis em pouco tempo de treinamento. Para que isso não ocorra, Naiara recomenda dividir o objetivo em metas menores. Por exemplo, se o objetivo é correr uma meia maratona ou uma maratona, primeiro coloque a meta de correr 5 km, depois 10km, 15km para só então chegar aos 21km. Chegando lá, vale avaliar se quer mesmo a maratona, e aí então seguir para os 42 ou focar em melhorar os 21km.

Segundo a profissional de educação física, dessa forma, é possível aproveitar o processo, comemorar cada conquista e se manter motivado.

Para Paulo, é fundamental ter um planejamento adequado à sua realidade, pois isso trará tranquilidade aos praticantes. Se o plano é perder peso, por exemplo, a pessoa não pode pensar: “vou perder 20 kg em um mês”, isso é irreal, não vai acontecer. Mas colocar como meta perder 20 kg em um ano ou dois anos é realista, por exemplo.

“O praticante também deve contar com profissionais adequado ao seu lado, nutricionista, preparador físico, psicólogo esportivo para conseguir fazer uma estruturação de uma programação adequada com seu biotipo e, dessa forma, projetar corretamente o que é possível fazer com sua realidade pessoal”, explica o psicólogo esportivo.

5 – Encontre o esporte/exercício físico certo para você

Quando uma pessoa quer começar a fazer exercício físico, normalmente, o primeiro local que ela pensa em procurar é uma academia. Não que isso seja algo ruim ou exista uma regra de onde começar. Porém, nem todo mundo se sente motivado a continuar por muito tempo pegando peso, por exemplo. Cabe ao praticante descobrir qual tipo de exercício ele mais gosta de fazer. Algumas pessoas preferem práticas individuais, enquanto outras gostam de esportes coletivos.

Além disso, vale ressaltar que exercício vai muito além de ir na academia, caso goste de nadar, por exemplo, é válido começar a se exercitar pela natação nesse caso. Gosta de jogar vôlei? Procure por locais que ofereçam aulas desse esporte. Se não souber qual a prática você gosta, é válido testar algumas opções e fazer algumas aulas experimentais em diferentes locais antes de se matricular em determinado estabelecimento. Para algumas pessoas, estar ao ar livre é um estímulo, e aí vale corrida, beach tennis, futevôlei, natação em mar aberto.

Naiara explica que para manter a motivação e continuar a treinar regularmente, é de extrema importância fazer alguma atividade em que se sinta prazer, satisfação. Algo com que se identifique e se sinta bem. Ela indica experimentar várias opções e escolher a que proporciona mais prazer e não pareça uma obrigação.

Seguindo essa mesma linha, Paulo incentiva o praticante a encontrar algo que de fato faça sentido para ele, o estimule, o motive, dê vontade. Uma atividade que a pessoa não vê a hora de chegar o momento daquilo acontecer. Dessa forma, faça sol, chuva, frio calor, a pessoa tem mais chances de praticar por mais tempo, encarar os desafios e continuar atingindo as metas estipuladas.

6 – Participe de festivais e competições

Participar de festivais e competições é uma ótima forma de se manter motivado. Esses eventos são uma oportunidade para socializar e conhecer pessoas com os mesmos objetivos e metas que você, ajudando a criar um senso de pertencimento na comunidade esportiva da modalidade que treina. Além disso, é uma forma de ver a evolução, o que gera incentivo para continuar praticando certo esporte ou exercício. Normalmente, esses festivais e competições acontecem aos sábados ou domingos e podem ser uma maneira de aproveitar o fim de semana realizando uma atividade que proporciona sensação de bem-estar.

Para Naiara Herrera, a participação em competições e festivais pode influenciar positivamente pelo fato de você ter contato com outras pessoas que realizam o mesmo esporte/exercício, colocar em prática o que você faz nos treinos, trocar experiência, socializar, fazer amizades e também ter um feedback do seu desempenho.

O psicólogo esportivo acredita que participar de competições é uma boa oportunidade para colocar em teste tudo o que o praticante tem treinado de uma maneira suave e saudável. No caso de quem corre, é possível estipular um tempo e tentar realizar a meta.

“Isso é sadio desde que estimule e motive a pessoa. Alguns praticantes não têm esse perfil de ir em competições e torneios, gostam de fazer sua atividade física e não participar. Então, depende do perfil do participante, mas eu gosto muito desse lado de pequenos eventos, pequenas competições para pessoa interagir, socializar, brincar e se divertir, isso é superinteressante”, comenta Paulo Penha.

Fontes:
Naiara Herrera é profissional de educação física formada pela Unesp. É especialista em Fisiologia do Exercício, Fundamentos para a Performance e Reabilitação e Emagrecimento pela Ufscar. Possui mestrado e doutorado pela Unesp e é professora universitária.
Paulo Penha de Souza Filho é psicólogo do esporte, fisiologista do exercício, psicopedagogo e mestre em Distúrbios da Comunicação. É professor em cursos de pós-graduação, palestrante e escritor. Atua no formato online e presencial em clubes, academias e no consultório com atletas amadores, profissionais e olímpicos.

Fonte: EuAtleta