Queimadas às margens de rodovias são risco para animais silvestres

Desde junho, com o aumento da seca, ONG que trata de animais machucados recebe pelo menos um bicho por dia por causa das queimadas; 36% a mais do que em 2017.

As queimadas perto de rodovias estão colocando em risco motoristas e animais, no interior de São Paulo. Cenas que estão comuns nos últimos meses. De janeiro a julho, o número de queimadas às margens das rodovias que cortam o interior de São Paulo aumentou 61% em comparação com 2017. Só no Sistema Anhanguera-Bandeirantes foram quase 1.500 focos.

A fumaça encobrindo a pista aumenta os riscos para quem passa por ali.

“Caco de vidro, um espelho com a incidência do sol pode causar incêndio na rodovia. A gente tem os moradores que, às vezes para fazer uma limpeza do terreno, colocam fogo no terreno”, explica Fabiano Adami, gestor de tráfego da Autoban.

Essa falta de consciência resulta em situações como uma queimada na rodovia Dom Pedro. E os motoristas não são os únicos prejudicados. Com o tempo, a vegetação se recupera, mas o mesmo nem sempre acontece com a fauna. A quantidade de animais silvestres resgatados e levados para tratamento aumenta na proporção das queimadas.

A Associação Mata Ciliar é uma ONG que recebe animais machucados. Desde junho, com o aumento da seca, tem chegado pelo menos um bicho por dia por causa das queimadas; 36% a mais do que em 2017.

A mãe de um tamanduá mirim, espécie ameaçada, morreu atropelada quando fugia do fogo. Um jaboti está internado há quase um mês depois de ter inalado muita fumaça.

“Ele chegou para nós com bastante dificuldade respiratória, e ele está bem malzinho, então, a gente está fazendo diariamente inalação, antibióticos, vitaminas, para ver se ele se recupera mais rápido”, conta a veterinária Jessica Paulino.

Um lobo guará chegou ainda filhote, todo queimado. Um ano depois está pronto para voltar a natureza. Mas ele é uma exceção, a maioria dos animais atingidos pelo fogo acaba morrendo.

“Nós precisamos punir aqueles que queimam, aqueles que colocam fogo. Infelizmente, é isso, e quem sai perdendo é a nossa biodiversidade”, afirma a coordenadora da ONG, Cristina Harumi Adania.

Fonte: G1.globo.com