Desafio nos abrigos, adoção de cães idosos é vista como ‘segunda chance’

Adoção de pets idosos tem se destacado como uma escolha compassiva e gratificante para muitas famílias. Além disso, também é importante para ajudar a aliviar a superlotação nos abrigos.

Em um mundo cada vez mais acelerado e voltado para o novo e o jovem, muitas vezes acabamos deixando de lado aqueles que já viveram mais anos do que a média. Esse cenário não se restringe apenas aos seres humanos, mas também afeta os animais de estimação.

No entanto, a adoção de pets idosos tem se destacado como uma escolha compassiva e gratificante para muitas famílias, evidenciando a importância de dar uma segunda chance a esses animais. Além disso, também é importante para ajudar a aliviar a superlotação nos abrigos, tornando o trabalho dessas instituições mais eficaz.

(Imagem Ilustrativa de Maria João Correia por Unsplash)

Giovana Cesar Boti, de 47 anos, é presidente de Associação Protetora dos Animais de Mairinque (SP), instituição com mais de 30 anos de história que abriga cerca de 200 cães. Ao g1, ela contou que, muitas vezes, as pessoas optam por adotar filhotes.

“As adoções de adultos, mesmo não sendo idosos, já é bem difícil. Quando idosos, as pessoas têm receio pelos gastos de saúde. Tem muito preconceito. A procura é maior por filhotes ou adultos de porte pequeno, tipo pinscher, o que, no caso, é quase impossível entre os vira-latas abandonados”, diz.

O preconceito por animais adultos, somado ao abandono e maus-tratos, resultam em uma triste realidade. Esta história poderia ser do vira-lata Chico, se não fosse resgatado das ruas por Giovana.

A voluntária conta que o encontrou muito sujo, com os pelos embaraçados e com sinais de maus-tratos. “Levei para o meu banho e tosa, e foi necessário tosar bem rente a pele, pois a lâmina não passava (…) Tive que lavar quatro vezes, pela quantidade de pulgas que ele tinha”, comenta.

Sem espaço no canil, devido à superlotação, Giovana direcionou esforços e encontrou a professora de dança Mariana Cajado de Oliveira, de 27 anos. Um dia depois do contato, em 26 de gosto, o cãozinho ganhou um novo lar e o nome “Chico”.

“Eu tenho certeza que ele teria morrido, porque estava fraquinho, e o resgate aconteceu em uma semana que estava muito frio. Ele estava bem debilitado. Já agora, não. Ele está bem fortinho, tomando vitaminas, antibióticos e comendo. Então o rostinho dele já mudou, está até com um olhar diferente. Ele tremia de medo, não chegava perto da gente, e hoje em dia faz ‘festinha’, está pulando, pede comida, fica atrás da gente pela casa e quer carinho. É um processo bem legal de observar”, conta Mariana.

A presidente da associação comenta que, em algumas situações, muitos animais são tão idosos que as pessoas adotam por compaixão, só para não morrerem em um canil. Ela também diz que estes animais, por conta da idade, dormem muito mais, são mais calmos e tranquilos.

“Percebo que não é fácil doar animais idosos, mas ainda existem pessoas que ficam mexidas com certos casos de abandono e, quando conseguimos a adoção, é uma vitória. Graças a divulgação na rede social, tenho conseguido famílias maravilhosas”, compartilha Giovana.

Benefícios de adotar um ‘idosinho’

Porte físico: um dos fatores que podem influenciar os adotantes a escolher um animal adulto é a dúvida com relação ao porte. Com cães mais velhos, ja é possível saber o tamanho do animal.

Companhia imediata: quando adotado de uma ONG responsável, o cão adulto já está devidamente vacinado. Dessa forma, é possível introduzi-lo na rotina familiar mais rapidamente.

Comportamento definido: conhecer o pet através de algum abrigo favorece a conexão entre a personalidade do tutor e a do animal.

Salvar vidas: adotar um animal idoso é um ato de compaixão e pode ajudar, não só no conforme do cão, como também no trabalho das instituições protetoras de animais.

Fonte: G1.globo.com