Janeiro seco: 7 dicas para adotar um mês sem álcool e sem sofrimento

"Dry January", em inglês, é estratégia para voltar à rotina saudável após os excessos de dezembro. Confira orientações de médicos e lembre-se: eliminar a bebida não significa sacrificar a vida social.

Dezembro é marcado por ser um mês de festas e confraternizações, com auge na ceia de Natal e no jantar de Ano Novo. De maneira geral, bebe-se muito no último mês do ano, mais do que seria recomendado. Por isso, muita gente aposta em, após a virada, entrar em um período de um mês sem álcool, para dar tempo ao fígado e ao corpo de se recuperarem e para experimentar uma rotina mais saudável, sem necessidade de bebidas alcoólicas para aditivar a vida. Sol, praia, piscina, exercícios ao ar livre, tudo isso já pode dar aquele estímulo na produção de hormônios ligados ao prazer e ao bem-estar, como a serotonina. Mas será que há mesmo vantagens? Adianta parar de beber por um mês?

(Imagem Ilustrativa de engin akyurt por Unsplash)

“O principal benefício do ‘janeiro seco’ é que estudos mostram que depois de ficarem sóbrias por um mês, as pessoas que participam do desafio bebem menos a longo prazo e fazem outras mudanças de hábitos, que irão melhorar significativamente o seu bem-estar”, comenta o médico psiquiatra Higor Caldato.

Segundo o médico endocrinologista Francisco Tostes, reduzir temporariamente o consumo de álcool aumenta o nível de energia para o dia a dia, além de melhorar a clareza de raciocínio e a capacidade de concentração.

“Até por melhorar a qualidade do sono, pois, curiosamente, apesar de trazer uma sensação de relaxamento e sonolência pra quem bebe à noite, o álcool compromete a arquitetura do sono, tornando-o menos reparador”, explica Tostes.

Higor lembra que o álcool tem sido associado a problemas significativos de saúde mental, como agravamento de quadros de depressão.

“Embora evitar o álcool seja o foco do “desafio popular para começar um novo ano” e muitos pensem na saúde física, isso também pode ser muito bom para a saúde mental”, comenta. “Sem álcool, pensamos com mais clareza, ficamos menos ansiosos. No geral, remover o álcool da sua ‘dieta social’ também pode fazer você se sentir mais feliz. Você terá mais energia para enfrentar o dia e poderá ter mais facilidade para realizar tudo o que está em sua lista de promessas para 2024. Portanto, parar com o álcool também pode ser benéfico para autoconfiança e autoestima”.

E lembre-se: eliminar a bebida da sua rotina não significa sacrificar a sua vida social.

Dicas para enfrentar o desafio

  1. Identifique quais são os principais gatilhos que te levam a beber. Uma vez identificados, você deve se colocar alerta para não cair na tentação de beber quando for exposto a essas situações novamente;
  2. Escale amigos, parceiros, que te mantenham no foco;
  3. Experimente novas receitas de drinks sem álcool;
  4. Analise bem os lugares que vai frequentar: se achar que não vai aguentar ser o único sóbrio da mesa do bar, substitua o happy hour por outra atividade com amigos, como piqueniques, praias, idas a um café aconchegante;
  5. Não tenha bebidas em casa;
  6. Faça atividades físicas, que liberam hormônios ligados ao bem-estar e ao prazer e ajudam o corpo a combater a inflamação e o inchaço;
  7. Retome rapidamente a rotina alimentar.

“O ideal é retomar logo (após as festas de fim de ano) a rotina de treino, dieta e sono, sem extremismos. Nos primeiros dias, algumas estratégias alimentares, como low-carb, jejum intermitente e o consumo de substâncias diuréticas, podem agilizar os resultados. Além disso, a implementação de treino HIIT, um treino intervalado de alta intensidade, pode ser eficaz, uma vez que reduz a resistência insulínica e promove a perda de grande quantidade de líquido”, sugere o médico nutrólogo Thomáz Baêsso.

Álcool e atividade física

O consumo de álcool, explica Tostes, prejudica a performance por aumentar os níveis de insulina e, consequentemente, poder provocar hipoglicemia. Além disso, o álcool tem efeito diurético e pode levar à desidratação durante o treino.

“Mesmo nos exercitando um dia após o consumo de álcool, podemos apresentar queixas que prejudicam a realização da atividade física, como sensibilidade excessiva à luz e dor de cabeça. Reduzir o álcool permite se exercitar mais, pois melhora o rendimento durante o treino”, diz ele, acrescentando que beber prejudica o emagrecimento: “O álcool pode estimular hormônios que aumentam o apetite, além de inibir o oxidação de gorduras, possuindo então um perfil de ação que favorece o acúmulo de gordura. Além disso, o álcool prejudica a síntese de proteína no músculo, o que pode comprometer o resultado do ganho de massa muscular, mesmo para quem treina regularmente”.

Quando consumimos álcool, produzimos substâncias tóxicas como o acetaldeído. O médico nutrólogo Thomáz Baêsso afirma que isso é capaz de atrapalhar, quase impedir, a queima de gordura e, principalmente, a hipertrofia. Alguns dias após parar de beber, então, a capacidade do corpo de gerar hipertrofia muscular, queimar a gordura e manter a hidratação da pele é restaurada.

“A grande questão é que, devido aos abusos de fim de ano, a gente acaba retendo muito mais líquido do que de fato ganhando gordura. O corpo na verdade está mais inchado. Então os benefícios de retomar dieta, treino e bom sono, esteticamente falando, vão ser sentidos de forma muito mais rápida, tanto no peso quanto no formato do corpo. E existem benefícios mentais, como o retorno da disposição. O álcool por si só também é capaz de atrapalhar o sono, deixando-o mais raso. Ao interromper o consumo, isso pode voltar ao normal em poucos dias, o que faz com que o controle do apetite volte ao normal”, explica o médico nutrólogo.

Fontes:
Francisco Tostes (@doutortostes) é médico endocrinologista e sócio do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais).
Higor Caldato (@drhigorcaldato) é médico psiquiatra e sócio do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), especialista em psicoterapias e transtornos alimentares.
Thomáz Baêsso (@thomazbaesso) é médico nutrólogo com vasta experiência em emagrecimento, hipertrofia e saúde sexual.

Fonte: EuAtleta