Exposição Superfície da Memória abre programação 2023 da Casa Lebre

Trabalho apresenta obras das fotógrafas Shel Almeida e Renata Theodoro, com curadoria de Martín Zenorini e Helena RR.

A Casa Lebre inicia a programação 2023 com a exposição Superfície da Memória, que abre no sábado, 25 de fevereiro, às 20h, e apresenta obras de Shel Almeida e Renata Theodoro. 

São colocados lado a lado dois trabalhos documentais que olham para o presente em registros da cidade e de seus habitantes. Enquanto Shel Almeida, fotógrafa e jornalista, resgata memórias urbanas por meio de registros da arquitetura e, em muitos casos, do que resta dela, Renata Theodoro, jovem fotógrafa, captura instantes que revelam as histórias de seus vizinhos de bairro, na Vila Bianchi, em Bragança Paulista.

Este trabalho fotográfico que recorta a realidade em busca de pistas para reconstrução de narrativas passa por um olhar demorado em uma conversa lenta com o tempo. No caso de Shel Almeida, são fotografias que enquadram ruínas da arquitetura. Conhecendo nenhum apego à memória, proprietários imobiliários põem abaixo edifícios antigos para construir novos que atendam melhor às suas necessidades. Com pesar e uma dor escondida na simetria e geometria de suas fotos, a jornalista denuncia o desapego e atropelo da indústria imobiliária à história.

Já Renata Theodoro se aproxima da memória nos apresentando dois ensaios: em “Dona Maria”, ela pede licença e conduz para dentro da casa de uma senhora.  Depois de sua morte, Dona Maria tem seu “lar” depositado na rua. Este ensaio nos provoca e nos faz querer conhecer mais da história e também aproxima da reflexão sobre a brevidade da vida e o vazio dos objetos que nos cercam. Seu outro ensaio parte da gentileza de senhores e senhoras que se deixaram retratar. Em zoom, essas fotografias evidenciam as marcas que cada um carrega em sua pele, notamos o tempo alongado nas pregas de sabedoria acumuladas em mãos e rostos. 

O encontro do trabalho dessas artistas  propicia algumas reflexões: que pressa é essa que nos conduz tão ligeiramente ao esquecimento? Por quanto tempo nós retemos as memórias? Quando e porque a memória se apaga? E finalmente, ao que uma memória dá lugar? Escolhas pessoais e coletivas alteram nossas histórias, ligeiros, nós construímos e reconstruímos discursos partindo de referências móveis. Afinal quem orquestra essas histórias?

A curadoria da exposição é de Martín Zenorini e Helena RR. Martin é fotógrafo, autorretratista, com especialização em fotografia de parto, fotografia de cinema e direção de fotografia. É produtor audiovisual, além de ativista da luta LGBTQIA+. Produziu os documentários “Diversidade Interiorana” e “Vivência trans interiorana e  mercado de trabalho”. 

Helena é designer e produtora cultural. É idealizadora e gestora do espaço cultural Casa Lebre. Apoia e desenvolve projetos que estimulam o pensamento, a criação e a experimentação. Atua em Bragança Paulista desde 2013. 

A exposição Superfície da Memória fica em cartaz até 18 de abril. A visitação, gratuita, acontece de terça à sábado, das 14h às 20h. A Casa Lebre fica na Rua Nicola Ortenzi, 104, no Jardim São José, em Bragança Paulista. 

Fonte: Shel Almeida – Assessoria de Imprensa