Como transformar ambientes pequenos em locais para exercício com crianças durante o isolamento?

Mudar os móveis de lugar pode ser uma medida importante. Fita crepe e criatividade para inventar as atividades complementam as dicas de arquitetos e educadores.

Uma das principais recomendações durante a quarentena é manter-se ativo e realizando algum tipo de exercício físico. Para as crianças, a recomendação não é diferente. Mas nem sempre há espaço suficiente para a prática de atividades físicas. Especialistas ouvidos pelo G1 dão dicas que podem ajudar na tarefa.

Preparando a casa

O arquiteto Caio Rosa sugere que os pais organizem um espaço onde as crianças reconheçam como o lugar de recreação de exercícios, facilitando a manutenção da ordem e da limpeza na casa.

Mudar os móveis de lugar pode ser uma medida importante. Fita crepe e criatividade para inventar as atividades complementam as dicas de arquitetos e educadores. (Imagem Ilustrativa: Pexels / Pixabay)

“Vale observar quais objetos e mobiliários possuem função secundária nesses espaços e considerar guardá-los, remanejá-los para outro cômodo ou mudá-los de função. Crianças demandam maior fluidez de espaços e, para esses dias, vale a tentativa de reorganizar a disposição das mobílias para a casa funcionar com o necessário, sem perder o conforto. O momento pode ser interessante para exercitar a sensibilidade e a criatividade, para captar a versatilidade dos objetos disponíveis: vários deles poderão ser utilizados fora da sua função habitual” – Caio Rosa, arquiteto.

A arquiteta Tatiana Ary afirma que a primeira coisa que deve chamar a atenção dos país é a segurança das crianças. “Dentro de casa devemos proteger as quinas dos móveis. Para quem não tem protetores específicos, pode usar materiais que encontramos em casa, como: papelão, pedaço de espuma ou outro material macio. Para fixar, use fita crepe”, indica.

É importante que os pais retirem os adornos, vasos e pequenos objetos do ambiente ou coloque-os em altura inacessível para a criança. “Se tiver armários ou prateleiras altas, use para colocar os pequenos objetos e adornos”.

“Não se preocupe com a beleza da sua casa neste momento, o importante é deixar a circulação e o máximo de espaço livre para esta atividade: encoste os móveis maiores e mais pesados próximos à parede, empilhe cadeiras, se possível retire da sala objetos e talvez até algum móvel pequeno como mesas de canto que possam liberar ainda mais espaço para a atividade física”- Tatiana Ary, arquiteta.

Ary sugere que locais pequenos podem e devem ser transformados e flexibilizados de acordo com o uso. “De manhã, o espaço pode se configurar de uma forma, e ao longo do dia, mudar para possibilitar que a atividade física seja feita, por exemplo”.

Pequenas mudanças no espaço

A arquiteta dá algumas dicas de como transformar os espaços de forma divertida para as crianças:

Brincadeira de amarelinha pode feita com demarcação no piso através de uma fita crepe, por exemplo. Independentemente do tipo de piso da casa, a fita crepe colada temporariamente não irá danifica-lo (é importante não usar uma fita adesiva muito forte que possa deixar resíduos no piso). A fita crepe pode ser colorida por giz de cera ou canetinha, o que já é uma brincadeira.

Com a fita crepe podem ser feitos labirintos no chão da sala ou a brincadeira de “Cama de gato” no corredor: cole tiras de fita crepe, ou fitas de tecido de um lado ao outro da parede, em alturas diferentes, onde as crianças devem passar sem encostar nas fitas, seja se arrastando pelo chão ou de pé ou curvado, mas tentando passar entre as fitas e sem encostar nelas.

No corredor pode ser feito circuitos com tarefas, onde em cada etapa, há um desafio: pular uma demarcação de fita, desviar de brinquedos, passar em baixo de uma cadeira e jogar boliche com garrafas pet ao final.

Exercícios de pular corda podem ser realizado com uma corda náutica, corda improvisada de varal ou outra corda que possa ter em casa. Certifique-se de que há espaço para esta atividade.

Talvez sua casa permita se exercitar com as crianças fazendo a “Dança das cadeiras” utilize as já existentes da mesa de jantar formando um círculo e coloque músicas animadas que as crianças gostem. Se seu espaço não comporta esta organização, apenas dance e brinque de “estátua”.

Preparando os exercícios

Alexandre Calixto, diretor de esportes do Colégio Visconde de Porto Seguro, afirma que o primeiro passo é pensar nos exercícios que são apropriados para a faixa etária das crianças. “Precisa pensar os espaços que a casa possui, que objetos seguros temos à mão e lembrar de usar o repertório das crianças”.

“Quando são menores, deve tomar um cuidado redobrado com os espaços para atentar a segurança, como risco de queda. Se forem maiores, as regras podem ir afrouxando um pouco. Tomem cuidado com tapetes escorregadios ou móveis pontiagudos”, Alexandre Calixto, diretor de esportes do Colégio Visconde de Porto Seguro

Crianças pequenas: “Uma atividade interessante é fazer uma transposição de obstáculos, podendo usar travesseiros, almofadas ou pelúcias. Outra ideia é esconder algum objeto e propor um caça ao tesouro para a criança. Vale ressaltar que a criança já possui um grande repertório adquirido nas aulas de educação física que ela realiza na escola. Existem atividades de ginástica, alongamento, aeróbico, e mesmo atividades em dupla”.

Crianças maiores: “Para as que tenham um pouco de espaço em casa, talvez um quintal, ou garagem, podem fazer circuitos de locomoção, colocando estações de exercícios. É fundamental que não utilizem pesos, somente a resistência do próprio corpo, já que estarão sem a orientação de um profissional específico”.

O professor afirma que brincadeiras populares também são boas ideias para serem feitas em casa. “Ioiô, pião, pique esconde, corda, ou mesmo o uso de uma bexiga, que é de fácil acesso e, com criatividade, pode ser fonte de atividade individual ou em família”.

Calixto lembra que é importante o equilíbrio entre o cuidado físico e o mental. “Atividades de controle de respiração e meditação também são bem-vindos. Jogos de tabuleiros e aplicativos de danças são outras boas ideias. O importante é que haja um equilíbrio nas atividades, evitando expor demasiadamente os pequenos diante das telas”.

Fonte: G1.globo.com (Leia a matéria completa)