Condicionamento físico na juventude reduz risco de 9 tipos de câncer em até 42%

Médico Luis Fernando Correia explica estudo sueco que analisou mais de 1 milhão de homens em relação a 18 tumores neoplásicos e mostrou impacto em nove deles: cabeça e pescoço, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, intestino, rim e pulmão. Entenda.

Pesquisadores da Universidade de Gothenburg, na Suécia, apresentaram um estudo que mostra que, uma pessoa com bom condicionamento físico na juventude tem risco até 42% menor de desenvolver nove tipos de câncer: cabeça e pescoço, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, intestino, rim e pulmão. O estudo está publicado no British Journal of Sports Medicine.

(Imagem Ilustrativa: Steven Lasry por Unsplash)

Condicionamento físico implica em aptidão cardiorrespiratória, a capacidade de uma pessoa de fazer exercícios aeróbicos, como correr, andar de bicicleta e nadar por períodos prolongados ou até mesmo subir escadas. Já se sabe que está associada a riscos menores de certos tipos de câncer, mas poucos estudos grandes, de longo prazo e em vários locais foram relatados.

O time de pesquisa do Departamento de Pediatria do Instituto de Ciências Clínicas da Universidade de Gothenburg levantou dados de registros suecos vinculados até o fim de 2019, com informações básicas, diagnósticos médicos e mortes de soldados que iniciaram o serviço militar entre 1968 e 2005.

No início, quando tinham entre 16 e 25 anos, esses soldados eram submetidos a uma bateria padrão de avaliações, que incluíam altura, peso (IMC), pressão arterial, força muscular e aptidão cardiorrespiratória. Aqueles com baixo nível de condicionamento eram ligeiramente mais propensos a serem obesos, a ter um histórico de abuso de álcool e outras substâncias e ter pais com menor nível educacional do que os com condicionamento físico melhor.

Ao todo, 365.874 recrutas tinham baixo nível de aptidão cardiorrespiratória; 519.652 tiveram nível moderado; e 340.952 tiveram nível alto.

A análise incluiu mais de 1 milhão de homens (1.078.000), 84.117 (7%) dos quais posteriormente desenvolveram câncer em pelo menos um local no período médio de monitoramento de 33 anos.

Em comparação a homens com baixo nível de condicionamento físico, os com maior condicionamento cardiorrespiratório tiveram menor risco de desenvolver tipos específicos de câncer:

  • Um risco 5% menor de câncer retal;
  • 12% menor de câncer de pâncreas;
  • 18% menor de câncer de intestino;
  • 19% menor de câncer de cabeça e pescoço;
  • 20% menor de câncer renal;
  • 21% menor de câncer de estômago;
  • 39% menor de câncer de esôfago;
  • 40% menor de câncer de fígado;
  • 42% menor de câncer de pulmão.

Importante comentar que como só homens foram observados, os cânceres de mama e de cólo do útero não foram observados, mas já se sabe que os exercícios têm enorme impacto na prevenção do câncer de mama.

Este é um estudo observacional, portanto, nenhuma conclusão firme pode ser tirada sobre causa e efeito, e os pesquisadores alertam que não havia dados completos sobre outros fatores de risco de estilo de vida potencialmente influentes, como dieta, consumo de álcool e tabagismo, em particular . Eles também não foram capazes de rastrear quaisquer mudanças na aptidão cardiorrespiratória ao longo do tempo ou coletar informações genéticas dos participantes.

O que os pesquisadores querem mostrar é que uma maior aptidão em homens jovens saudáveis está associada a um menor risco de desenvolver 9 dos 18 cânceres específicos investigados, com as taxas de risco clinicamente mais relevantes no trato gastrointestinal.

Fonte: EuAtleta