Lesões mais comuns na corrida: veja lista e como reconhecer

Médica ortopedista enumera tipos de lesão que podem acontecer no joelho, coxa, tíbia, pé e tornozelo de corredores. Confira.

Sofrer uma lesão na corrida diz muito mais que apenas sentir dor. É algo que diminui o prazer com o exercício físico, afasta da corrida, aumenta o custo dos tratamentos médicos e interfere diretamente nas taxas de ausência do trabalho. Apesar disso, a maioria dos corredores não sabe quais são as principais lesões que podem ocorrer e como identificar que algo de errado está acontecendo, para que seja possível a busca por profissionais da saúde capacitados na orientação da prática do exercício, em como prevenir lesões e para o tratamento, se for preciso.

(Imagem Ilustrativa: Malik Skydsgaard por Unsplash)

A popularidade da corrida, nas ruas ou em esteiras, vem aumentando. Vivemos uma época em que grande parte das pessoas se preocupa com o futuro e busca cuidar da saúde, principalmente após a disseminação da informação que indivíduos saudáveis corriam menos riscos com a infecção do Covid-19. Dentre os esportes mais procurados para isso estão a corrida e a caminhada.

Correr é capaz de reduzir a chance de morte da maioria das doenças cardiovasculares; até mesmo em baixas intensidades, como por 5 a 10 minutos por dia, independente do sexo, da idade e do índice de massa corporal (IMC). Isso acaba sendo uma motivação tanto para indivíduos saudáveis quanto para sedentários. O que é benéfico, mas também gera aumento de lesões.

O objetivo desse texto é, antes de tudo, incentivar a prática de exercícios físicos, mas descrevendo brevemente as lesões mais comuns, para que seja possível despertar o gatilho da procura por profissionais para orientar, caso ocorra algo.

Dito isso, é preciso dividi-las em:

  • Lesões agudas, como as musculares, entorses ou lesões cutâneas (bolhas e “arranhões”);
  • Lesões por uso excessivo (a maior parte das lesões em geral por sobrecarga envolve principalmente o joelho, a musculatura posterior da coxa, a tíbia, o tornozelo e fáscia plantar.

Assim, começaremos abordando por partes:

Joelho

Tendinopatia patelar – É a lesão no joelho mais comum entre os corredores, não à toa ela recebe o nome de Joelho do Corredor. Se apresenta com dor anterior no joelho logo abaixo da patela. Para testar, o paciente pode estender o joelho não afetado e realizar um leve agachamento com o lado afetado, para estressar o tendão patelar.

Síndrome da dor patelofemoral – Apresenta-se com dor no joelho atrás da patela, que piora após atividades que estressam a articulação da patela com o fêmur, como descer escadas, agachar, correr e ajoelhar. A sensação de instabilidade e crepitação é comum ser relatada (“sinto que tem areia no joelho”).

Síndrome do trato iliotibial – Surge com dor na lateral do joelho, principalmente quando ele é flexionado nos graus iniciais (20 a 30 graus), que piora com a corrida e pode estar associado à sensação de estalo.

Pé/tornozelo

Entorses de tornozelo – Lesão muito comum, geralmente por uma inversão do tornozelo (virar o pé para dentro). São extremamente dolorosas e são as mais fáceis de serem percebidas pela pessoa lesionada.

Tendinopatia de Aquiles – Apresenta-se com dor acima do calcanhar, com edema e sensibilidade no trajeto do tendão do calcâneo (conhecido como tendão de Aquiles).

Fascite plantar – A fáscia plantar é uma faixa de tecido conjuntivo que se estende do calcâneo até os dedos e funciona para estabilizar o arco do pé. A dor é típica e bem localizada na sola dos pés, mais perto do calcâneo, sendo pior ao dar os primeiros passos da manhã e melhora com atividade.

Musculatura posterior da coxa (os isquiotibiais)

Danos agudos e crônicos nos tendões – A “posterior da coxa”, como é conhecida, é um conjunto de três músculos que compõem a parte de trás da coxa, e suas lesões incluem danos agudos e danos crônicos aos tendões, cursando com dor na região durante a corrida e alongamento da musculatura lesionada. Pode estar acompanhada de hematoma em alguns casos agudos

Tíbia

Canelite (síndrome do estresse tibial medial) – Ocorre por um estresse ósseo, inflamando uma “película que recobre a tíbia”, chamada de periósteo. Cursa com dor no terço médio ou distal tibial, que se intensifica com o exercício e desaparece ao repouso, também exacerbada com palpação.
Fratura por estresse da tíbia – Muito semelhante à patologia anterior, a tíbia é o local mais afetado por fraturas por estresse, isso é, por sobrecarga, pelo fato de receber a maior parte da carga durante a corrida. No entanto, podem ocorrer fraturas por estresse em outros locais, como nos ossos no pé, fêmur e pelve.

Diante do exposto, agora que você já sabe quais são as lesões mais comuns na corrida, a minha dica é: jamais deixe de correr, se for a atividade que lhe dá mais prazer. Entretanto, saiba reconhecer suas dores para poder buscar ajuda especializada quando necessário.

Bons treinos, valentes!

Ana Paula Simões (@draanapsimoes) e Gustavo Prado (estudante de medicina do Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA).

Fonte: EuAtleta