‘Novembro azul pet’: veterinário e tutora alertam sobre câncer de próstata em cães

Doença afeta machos de idade avançada que não foram castrados. Segundo veterinário, incidência deste tipo de câncer em cachorros é semelhante a que ocorre em homens.

Em meio à campanha Novembro Azul, que tem o objetivo de alertar e conscientizar sobre a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de próstata em homens, muitas vezes passa desapercebido que a doença pode atingir também os animais. Em Juiz de Fora, o G1 conversou com um médico veterinário e uma tutora de cachorros que contam os riscos e como prevenir este tipo de câncer nos pets.

O médico veterinário Rômulo Castro, da clínica Zoovet, explica que são muito comuns as alterações na próstata de cães, quase na mesma incidência que ocorre com homens. Em outros animais, como gatos e cavalos, a doença manifesta, mas de forma bem rara e com pouquíssima incidência. Em roedores, ainda não foram registrado casos.

“A relação do câncer de próstata em cães é bem parecida com a dos homens. A prevalência é quase igual. O cães mais velhos tem o aumento da próstata, uma hipertrofia prostática benigna e, em uma parcela, o câncer desenvolve.”, afirmou.

Ainda segundo Rômulo, o número de atendimentos deste tipo de câncer é alto nestes bichinhos: em cerca de um ano, ele atendeu mais de 30 casos da neoplasia, que se manifesta com maior incidência em cães idosos não castrados.

Foi o caso de Chucky, cachorro da estudante de jornalismo Laísa Fernanda Rosa Soares, de 21 anos, que faleceu com 15 anos em 2017 por decorrência da doença.

“A descoberta infelizmente foi tardia. Ele começou a ter dificuldades pra andar e a ficar mais na dele, quietinho. Aí vimos que tinha algo errado, mas já era tarde, e ele já estava todo tomado. Antes, ele estava normal, não apresentava sintoma nenhum”, explicou Laísa, que alerta os outros tutores sobre a importância dos exames de rotina para assegurar o diagnóstico precoce.

A tutora contou que foi por meio do exame de toque que diagnosticaram Chucky. Pela idade avançada, não deu tempo de realizar outros exames, nem um tratamento cirúrgico.

Castração é a prevenção

O veterinário alerta que a castração de cachorros machos previne o câncer de próstata e o ideal é realizá-la depois de um ano de idade. Após os dois anos de vida é produzido cada vez mais o hormônio que faz a fisiopatologia da doença, a transformação da testosterona em di-hidrotestosterona (DHT). Ele revela que, em mais de 30 anos de profissão, nunca atendeu um caso de câncer de próstata em cães que foram castrados antes dos dois anos.

Tanto Rômulo quanto Laísa apontam falta de divulgação da necessidade de castrar os cães machos para evitar doenças. A estudante atualmente tem outros dois cachorros – o Boris, de 6 anos e 4 meses, e a Safira, de 1 ano e 5 meses, que foi adotada em uma ONG de proteção animal.

Nesta ONG, a veterinária alertou Laísa para a importância da castração. “Nas cachorras, a gente sabe que é para não entrar no cio. A veterinária falou sobre a importância da castração do macho que, até então, não tínhamos conhecimento. Aproveitamos a oportunidade e castramos tanto a Safira quanto o Boris.”

Sintomas e tratamento

O médico veterinário diz que o primeiro sintoma que faz os tutores levarem os cães à clínica é a dificuldade na hora de urinar. Ou, muitas vezes, a presença de sangue na urina. Além disso, alguns animais têm dificuldade e relutam a andar. Outros, têm problemas na hora de defecar e/ou tem fezes ressecadas.

O principal tipo de exame para confirmar o diagnóstico é o mesmo do homem – o toque retal. Rômulo Castro conta que também podem ser pedidos ultrassom ou tomografias. Caso seja encontrado algo, é solicitada uma punção através de uma agulha fina por ultrassom, para verificar se o tumor é benigno ou maligno.

Caso seja constatado que o cão esteja com câncer de próstata, o primeiro passo é, novamente, a castração. O veterinário explica que se o tumor estiver obstruindo a passagem da urina, é feita uma remoção cirúrgica da próstata. Em Juiz de Fora e na região, ainda não há estruturas para realização de quimioterapia. Ele revela que em São Paulo já tem estudos e realização deste tipo de tratamento.

A expectativa de vida do cão com esta neoplasia é baixa. “Tem animais que, após o tratamento, vivem seis meses, um ano. A sobrevida depende do tipo de câncer, mas ainda é baixa. Como muita coisa se desenvolveu na Medicina Veterinária, acredito que nos próximos dois anos a gente vai ter chance de aumentar a sobrevida desses animais”, afirmou Castro.

Fonte: G1.globo.com