‘Dor e impotência’, diz família de idoso vítima da Covid-19 à espera de leito em Joanópolis

Lázaro Gomes estava na enfermaria da Santa Casa da cidade em estado grave, aguardando uma vaga em hospitais da região bragantina.

“Nós ficamos com a sensação de que podiam ter feito mais”, diz a filha de Lázaro Gomes, 68 anos, vítima da Covid-19 na região bragantina. O idoso morreu neste sábado (13) depois de nove dias à espera de um leito de UTI. A região tem 34 pessoas na fila de espera por vaga de internação e hospitais sem vagas há quase um mês.

Santa Casa de Joanópolis (Foto: Reprodução/ Google Street View)

Lázaro Gomes estava na enfermaria da Santa Casa da cidade em estado grave, aguardando uma vaga em hospitais da região bragantina.

Lázaro é morador de Joanópolis e foi internado no dia 4 de março com Covid-19 na Santa Casa da cidade. O hospital não tem o suporte necessário para o tratamento e ele foi inserido no sistema de regulação de vagas estadual para ser transferido para um leito de UTI.

De acordo com a filha, Cleusa Gomes, ele tinha diabetes e hipertensão e apresentava um quadro grave de acometimento dos pulmões. Na última semana, ele já havia perdido a consciência e os médicos alertaram da necessidade urgente de um leito. Lázaro, no entanto, não suportou a espera e morreu neste sábado (13).

“Ele foi e ficou a dúvida. E se ele tivesse disso transferido quando chegou, se tivesse recebido a assistência necessária? Estamos em meio a um caos, entendo, mas é uma parte da gente que se foi e a nossa sensação é de impotência, de que ele poderia ter recebido mais”, diz Cleusa.

Lázaro morava com a esposa e era a única renda da casa. Ele era caminhoneiro e, segundo a família, não pôde parar durante a pandemia. A filha reforça que ele tomou todos os cuidados, mas acabou infectado.

“Ele era a base da casa e, como falava, não podia se dar ao luxo de parar. Agora, não sabemos o que vai ser da minha mãe, de nós”, comentou.

Sem leitos

Um dia antes da morte, a família falou sobre a angustia da espera em entrevista ao Link Vanguarda. Lázaro era uma das 35 pessoas à espera de um leito de internação em hospitais em Bragança Paulista até este sábado.

A região bragantina conta com 107 leitos, entre UTI e enfermaria, mas todos ocupados. De acordo com a Secretaria de Saúde, eles nunca tiveram tantos leitos disponíveis. Na última quinta-feira (11) foram abertas 13 novas vagas, mas o número não conseguiu atender a demanda.

Bragança Paulista não tem mais leitos de internação desde o dia 18 de fevereiro. Os pacientes precisam aguardar a transferência para outras cidades, mas que com a alta de internações em todo o estado, tem sido lenta.

O que diz o governo estadual

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou que a região tem alta taxa de ocupação hospitalar, uma realidade em todo o estado.

“Na região do Vale do Paraíba, os leitos para COVID-19 registraram ocupação de 73,3% em UTI até ontem (12). A sobrecarga na rede de saúde já é uma realidade em diversos locais e os serviços do SUS esforçam-se para garantir assistência adequada e oportuna a todos”.

Fonte: G1.globo.com