Covid-19: Atibaia pode ter 16 casos de aplicação de vacinas vencidas da AstraZeneca

Levantamento aponta problema com doses de 8 lotes da vacina.

Um cruzamento de dados feito por pesquisadores da Unicamp e da Unifesp aponta que cidades do Vale do Paraíba e região bragantina aplicaram mais de 200 doses vencidas da vacina contra Covid-19 da AstraZeneca. O levantamento engloba todo o país e diz que ao menos 26 mil pessoas receberam doses vencidas do imunizante.

(Imagem Ilustrativa: Paul McManus por Pixabay)

De acordo com a pesquisa, 26 cidades da região aplicaram 225 doses vencidas. As prefeituras apuram a denúncia e a maior parte delas nega que tenha havido aplicação de doses vencidas.

Os dados fazem parte de um levantamento publicado nesta sexta-feira (2) pelo jornal “Folha de S. Paulo”, ao qual o G1 também teve acesso, e indicam que o problema ocorreu com doses de oito lotes da vacina (veja quais são eles na tabela abaixo).

A cidade da região que mais registrou casos foi Taubaté, segundo os pesquisadores, com 73 doses. A Prefeitura de Taubaté informou que apura a situação. O número do lote da vacina aplicada pode ser consultado na carteirinha de vacinação de cada pessoa vacinada.

Veja o ranking com as doses possivelmente vencidas aplicadas por cidade:

  • Taubaté – 73 doses
  • Tremembé – 37 doses
  • Natividade da Serra – 18 doses
  • Atibaia – 16 doses
  • Roseira – 13 doses
  • Jacareí – 9 doses
  • São José dos Campos – 8 doses
  • Ubatuba – 8 doses
  • Guaratinguetá – 6 doses
  • São Sebastião – 5 doses
  • Caçapava – 4 doses
  • Cunha – 4 doses
  • Ilhabela – 4 doses
  • Vargem – 3 doses
  • Bom Jesus dos Perdões – 2 doses
  • Caraguatatuba – 2 doses
  • Pindamonhangaba – 2 doses
  • Queluz – 2 doses
  • Santa Branca – 2 doses
  • Bragança Paulista – 1 dose
  • Campos do Jordão – 1 dose
  • Cruzeiro – 1 dose
  • Joanópolis – 1 dose
  • Piquete – 1 dose
  • Potim – 1 dose
  • São Bento do Sapucaí – 1 dose

Confira a lista dos lotes com a respectiva data de validade e cheque no seu cartão:

  • Lote número 4120Z001 – Vencimento no dia 29 de março;
  • Lote número 4120Z004 – Vencimento no dia 13 de abril;
  • Lote número 4120Z005 – Vencimento no dia 14 de abril;
  • Lote número CTMAV501 – Vencimento no dia 30 de abril;
  • Lote número CTMAV505 – Vencimento no dia 31 de maio;
  • Lote número CTMAV506 – Vencimento no dia 31 de maio;
  • Lote número CTMAV520 – Vencimento no dia 31 de maio;
  • Lote número 4120Z025 – Vencimento no dia 4 de junho.

O que dizem as prefeituras

A Prefeitura de Taubaté informou que apura as supostas aplicações de imunizantes vencidos.

A Prefeitura de Tremembé informou que segue todos os protocolos de vacinação definidos pelo Ministério da Saúde, que está apurando os fatos junto aos órgãos oficiais do Estado e que “até o momento não há a confirmação da Vigilância Epidemiológica do Estado de SP de que haja ocorrido este erro no envio de doses aos municípios”.

Guaratinguetá informou que não houve aplicação de dose vencida e que utilizou as vacinas do lote dentro da validade.

Caraguatatuba informou ao G1 que “as supostas vacinas vencidas, na verdade, são resultado de uma digitação com erro do número do lote. As duas pessoas receberam a visita de uma equipe da Secretaria e o caso foi esclarecido. As pessoas são um profissional de saúde e uma pessoa com deficiência”. A gestão informou que o caso será reportado ao governo estadual.

Pindamonhangaba disse que não recebeu e nem aplicou vacinas com data fora do prazo de validade para população. De acordo com a gestão, vacinas do lote 4120Z005, por exemplo, foram entregues no dia 27 de janeiro e aplicadas em profissionais de saúde no início de fevereiro. A validade do lote era o dia 14 de abril. A prefeitura ressaltou que outros lotes indicados na reportagem não foram entregues em Pindamonhangaba.

São Sebastião informou que não aplicou doses e que “houve equívoco na seleção dos lotes mencionados no momento de cadastro no site do Ministério da Saúde”.

Caçapava informou que vai aguardar o pronunciamento do Governo de SP.

A Prefeitura de Atibaia informou que não aplicou vacina contra Covid-19 fora do prazo de validade. Sobre as possíveis 16 doses vencidas aplicadas na cidade, a gestão nega e afirmou ter sido “erro de digitação no sistema, do número do lote e/ou da data de aplicação”. A secretaria de saúde entrou em contato com as pessoas que receberam as doses para confirmar o equívoco.

A Prefeitura de São José dos Campos informou que o lote 4120Z001 nunca foi enviado ao município. “São José dos Campos recebeu o lote 4120Z005 em 26 de janeiro de 2021, cujo vencimento era 14 de abril de 2021. De acordo com o sistema de controle do município, todas as doses correspondentes ao lote foram aplicadas até 1ª de março, ou seja, dentro do prazo de validade”.

Em relação às doses apontadas na reportagem, a secretaria de saúde constatou que nas próprias carteirinhas dos pacientes, nenhuma delas pertence aos lotes citados.

Vargem informou que a última dose aplicada da vacina AstraZeneca do lote 4120Z005 foi em 17 de março. A prefeitura ainda disse que nenhum paciente foi vacinado com imunizante vencido porque os os frascos são verificados antes da aplicação e, além disso, também realizam um controle para não correr o risco de perda do imunizante.

O que diz o Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde disse que todas as doses são enviadas dentro do prazo e que, caso aplicações fora do período ocorram, é preciso passar por uma nova aplicação “respeitando um intervalo de 28 dias entre as doses”. Prefeituras ouvidas pelo G1 afirmam que pode haver erro no preenchimento dos dados no sistema que levaram à conclusão de que as aplicações foram dadas após o prazo de vencimento.

De acordo com o levantamento, foram aplicadas 25.935 doses fora do prazo em pelo menos 1.532 cidades.

De acordo com Sabine Righetti, uma das autoras do levantamento, as informações são do DataSUs e da Sala de Apoio à Gestão Estratégica (SAGE). A equipe analisou a data de vencimento dos lotes de vacina que ainda estavam sendo ministrados no Brasil. Primeiro, foram encontrados 8 lotes da AstraZeneca que já venceram. Ainda, de acordo com a pesquisadora e jornalista, são os únicos lotes que já passaram da validade no país.

Fonte: G1.globo.com