Dengue pode causar miocardite e arritmia, mostra estudo

É vital que profissionais de saúde estejam atentos às possíveis complicações cardíacas da doença, alerta o médico cardiologista Mateus Freitas Teixeira.

A dengue é uma das doenças virais mais prevalentes no mundo, afetando principalmente países tropicais. Estamos vivendo uma epidemia de dengue em algumas regiões do Brasil. Diante disso, é importante compreendermos alguns aspectos cardiológicos da doença e como identificá-los. Por meio de um artigo publicado no International Journal of General Medicine, o médico cardiologista Mateus Freitas Teixeira faz essa análise.

(Imagem ilustrativa de Robina Weermeijer por Unsplash)

A doença é transmitida principalmente pela picada de fêmeas de Aedes (Ae.) aegypti e Ae. mosquito albopictus infectado. O vírus da dengue é um flavivírus, arbovírus. Existem quatro cepas (DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4).

O espectro clínico da doença varia de formas leves a graves com complicações, podendo ser assintomático ou sintomático. A maioria das infecções sintomáticas apresenta-se como febre autolimitada, enquanto poucos casos podem progredir para febre hemorrágica da dengue e síndrome do choque da dengue.

Complicações cardíacas da dengue

As complicações cardíacas da dengue, embora incomuns, estão sendo cada vez mais relatadas em vários estudos. A mais comum que se observa é a miocardite, embora também tenham sido relatados casos de arritmia. Além disso, nos casos mais graves, a clínica apresenta-se com permeabilidade capilar, sangramento e disfunção endotelial.

A atenção na avaliação clínica e eletrocardiográfica é fundamental, pois, devido ao baixo índice de suspeita clínica e aos sintomas clínicos simultâneos, incluindo hipotensão, taquicardia, edema pulmonar e vazamento capilar relacionados à infecção por dengue, a atividade cardíaca é muitas vezes subdiagnosticada.

O envolvimento cardíaco com risco de vida é frequente na febre hemorrágica da dengue e na síndrome do choque da dengue. Essas complicações cardíacas podem passar despercebidas na prática clínica e podem contribuir para a mortalidade observada na dengue.

O que observamos e tem que chamar atenção no eletrocardiograma (ECG) do paciente com dengue é:

● Bradiarritmia
○ Bradicardia sinusal
○ Ritmo juncional
○ Bloqueio AV
— Primeiro grau
— Segundo grau
— Terceiro grau

● Taquiarritmia
○ Supraventricular
○ Ventricular

● Alterações inespecíficas de ST-T

O espectro de anormalidades de condução na dengue é amplo, variando de bradicardia relativa a arritmias com risco de vida. A maioria das alterações eletrocardiográficas é transitória e desaparece em três semanas, sem necessidade de qualquer intervenção.

É vital que os médicos e profissionais de saúde estejam atentos a essas alterações para que possam orientar o paciente da melhor forma e evitar problemas cardiológicos maiores e possivelmente fatais.

Fonte: EuAtleta