Especialistas afirmam que primatas não transmitem a “varíola dos macacos”

Aumento dos casos da varíola dos macacos provoca onda de ataques a esses animais.

Com mais de 800 casos notificados no Brasil, a varíola dos macacos tem causado apreensão. Defensores ambientais e profissionais da medicina alertam que, apesar do nome, os macacos não são reservatórios ou transmissores do vírus que causa a doença.

Todas as transmissões identificadas até o momento pelas agências de saúde foram atribuídas à contaminação por transmissão entre pessoas.

Aumento dos casos da varíola dos macacos provoca onda de ataques a esses animais. (Imagem ilustrativa: Robinson Raul Ramos Hernández por Pixabay)

“É importante ressaltar que os macacos (primatas não-humanos) não são os ‘vilões’, e sim vítimas como nós (humanos), e não devem sofrer nenhuma retaliação, tais como agressões, mortes, afugentamento, ou quaisquer tipos de maus tratos por parte da população. O receio de contágio por transmissão desta e de outras doenças, como a febre amarela, pela proximidade com os macacos não se justifica”, diz o comunicado da Sociedade Brasileira de Primatologia, lançado ainda em maio – antes do Brasil ter seu primeiro caso confirmado.

Também a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente de São Paulo publicou um comunicado reforçando que os macacos, assim como o homem, são hospedeiros acidentais. “O alerta é importante para que a população tenha consciência de que a espécie não é responsável pela existência do vírus e nem por sua transmissão”, diz o texto.

O estado de São Paulo é o que mais registra diagnósticos.

Casos de ataques

Segundo o Art. 29 da Lei n° 9.605/98 é crime ambiental “Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida”, o que pode gerar pena de seis meses a um ano de detenção, mais multa.

A lei, entretanto, não parece intimidar. Entre 2017 e 2018 houve surto de febre amarela em áreas urbanas e muitos macacos foram mortos e feridos por seres humanos. Já no início do mês de julho, na cidade de Senador Canedo, em Goiás, dois macacos foram encontrados mortos e as autoridades locais desconfiam que foram atacados por moradores devido aos casos da varíola “dos macacos”.

Além de ato cruel e criminoso, vale ressaltar que os primatas fazem parte da nossa biodiversidade, possuem papel fundamental na manutenção das florestas, além de auxiliarem nos serviços ecossistêmicos.

Outro ponto crucial é o desconhecimento de muitos sobre o fato de que os primatas fazem o que é chamado de papel de sentinela. A detecção de macacos mortos por doenças serve de indicador de que algo está ocorrendo em determinada região, o que possibilita o rápido início de ações preventivas antes que a doença em questão se espalhe.

Ao avistar algum macaco doente ou morto, avise aos órgãos de saúde do seu município.

Fonte: Ciclovivo