Abundância de chuvas deixa Cantareira com maior volume de água em 11 anos

A abundância de chuvas nas últimas semanas no estado de São Paulo deixou o Sistema Cantareira com o maior volume de água em 11 anos. O maior responsável pelo abastecimento de água na região metropolitana de São Paulo iniciou março com volume operacional de 70%.

  • É o índice mais alto para o período desde 1º de março de 2012, quando o Cantareira registrou 76,4% de volume;
  • A última vez em que o Sistema esteve nesse nível foi em 23 de agosto de 2012 (70%).
(Foto: Divulgação/ Sabesp)

“Em fevereiro, tivemos frentes frias vindas do sul do continente que acabaram se chocando com a umidade que vem da Amazônia — injetada especialmente pelo La Niña, que gera mais chuvas na região Norte”, explicou o professor Pedro Luiz Côrtes, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da Universidade de São Paulo (USP).

“Esse choque fez com que as chuvas ficassem acima da média em fevereiro, revertendo a redução das chuvas ocorrida em janeiro”, afirmou Côrtes.

  • No fenômeno La Niña, ventos que sopram na parte superior do Oceano Pacífico — do Leste, na América do Sul, para o Oeste, na Ásia — depositam uma camada de água quente na costa da Ásia e elevam o nível da superfície do mar. No Leste, perto das Américas, a água fria sobe para a superfície;
  • Durante o El Niño, acontece o oposto — ventos alísios mais fracos significam que a água quente se espalha de volta para as Américas, e menos água fria sobe para a superfície na região.
  • Como os fenômenos El Niño e La Niña afetam o clima no mundo

O professor Côrtes explica que estamos em um período de transição entre La Niña e El Niño.

“O La Niña esteve presente nos últimos dois anos e meio, com um pequeno intervalo em meados de 2021. Ele pode reduzir as chuvas em São Paulo, situação que acabou acontecendo em diversos períodos nos anos anteriores. O El Niño, por sua vez, poderá trazer mais chuva e aumento de temperatura para a região Sul, podendo fazer o mesmo com São Paulo”, apontou.

Na prática, o aumento das chuvas na Região Metropolitana de São Paulo deve favorecer a recarga dos mananciais até o final do ano, ao menos.

  • O índice acumulado de precipitação nos reservatórios também ficou acima da média histórica;
  • A maior diferença, de 75%, aconteceu no Alto Tietê (297,0 mm em fevereiro de 2023 e 169,7 mm na média);
  • No Cantareira, por exemplo, foram registrados 284,44 mm de chuva em fevereiro, 42% a mais que a média de 200,4 mm.

“O nível está muito bom, especialmente considerando que, no Sistema Cantareira, não atingíamos a marca de 70% há muitos anos. Nesse sistema, o consumo de água durante o período de estiagem fica ao redor de 25% do volume total. Portanto, o nível atual nos dá uma boa tranquilidade em relação à disponibilidade de água até o final do ano, pelo menos”, ressaltou o professor.

Fonte: G1.globo.com